Se não me engano foi o crítico Roger Ebert quem disse que um filme bom nunca é longo o bastante e um filme ruim nunca é curto o suficiente. A segunda proposição se aplica perfeitamente a este Um Dia Fora de Controle, que apesar de enxutos noventa minutos parece durar uma eternidade de tão ruim.
Amizade perigosa
A trama é protagonizada por Brian (Kevin James), um contador que fica desempregado e agora se vê casa cuidando do enteado, Lucas (Benjamin Pajak), com quem tem pouca conexão. Um dia Brian resolve levar Lucas ao parque e conhece Jeff (Alan Ritchson) e o filho CJ (Banks Pierce), como eles são os únicos pais em um ambiente cheio de mães, os dois tentam se aproximar, mas logo Brian descobre que há algo errado com Jeff e o filho, pois ambos estão sendo perseguidos por pessoas perigosas. Arrastado para a crise, Brian e o enteado precisam encontrar um meio de sobreviver.
É uma comédia de ação típica, com um certinho e um maluco nos moldes da franquia Máquina Mortífera, embora aqui tudo seja mal executado e não consiga funcionar. James e Ritchson carecem de química, com cada um agindo como se estivesse em um filme diferente. James interpreta o mesmo tipo de personagem de sempre, o bundão casado com uma mulher muito mais atraente que ele e inseguro por conta disso. Já Ritchson fica perdido em um personagem que o roteiro não decide se é um idiota fracassado metido em algo que não compreende ou se ele é um soldado fodão nos moldes do personagem que ele interpreta em Reacher. Como a personalidade de Jeff muda segundo a conveniência do roteiro, com ele sendo um trapalhão incompetente em um momento (como na cena em que ele é incapaz de interrogar um adversário) e um sujeito imbatível em outro (como na luta final) fica difícil se importar.
A indecisão quanto a Jeff também prejudica as principais reviravoltas da trama que dependem de enxergarmos o personagem como esse soldado modelo que o governo adoraria replicar sendo que durante boa parte do filme (exceto quando é conveniente para a narrativa) ele está longe disso. Boa parte das piadas consiste em fazer os personagens berrarem suas falas ou agirem de modo histérico, como se gritar fosse fazer as coisas ficarem automaticamente engraçado. A única coisa que faz rir é Isla Fisher como a líder de um grupo de mães que passam o tempo todo chapadas para lidar com o tédio da própria vida, uma personagem completamente desperdiçada que aparece em apenas duas cenas.
A ação é aquele conhecido combinado de câmera chacoalhante e montagem epilética que é incapaz de criar qualquer senso de coesão. Isso é visto principalmente nas longas perseguições de carro em que a montagem picotada é incapaz de criar um senso de movimento e posição relativa dos envolvidos na correria, nunca dando uma impressão de urgência porque não temos clareza de quem está aonde em relação ao quê. As lutas sofrem com a mesma câmera inquieta e excesso de montagem, não aproveitando os talentos de Alan Ritchson para ação como ele demonstra bem em Reacher.
Com humor sem graça e ação
burocrática, Um Dia Fora de Controle é
só um entediante exercício de paciência.
Nota: 3/10
Trailer


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