Crítica – Abigail

 

Partindo de uma premissa típica de Agatha Christie, Abigail mistura suspense, horror e histórias de vampiros de um jeito bem singular. A narrativa acompanha um grupo de criminosos contratados pelo misterioso Lambert (Giancarlo Esposito) para sequestrarem uma garota de 12 anos, Abigail (Alisha Weir, de Matilda: O Musical), e exigir um resgate milionário. Conforme a noite avança, os criminosos, trancados na mansão, começam a morrer um a um. Joey (Melissa Barrera) desconfia que seja um mercenário a serviço do poderoso pai da menina, mas logo descobrem que na verdade Abigail é uma vampira e quer devorar a todos.

O filme começa sem pressa, estabelecendo a lógica espacial da mansão na qual eles guardam a garota e construindo as tensões entre os excêntricos criminosos que compõem o grupo, como a patricinha hacker Sammy (Kathryn Newton) ou o estúpido Peter. Essas tensões são importantes para compreendermos as motivações desses personagens depois que Abigail se revela e eles são obrigados a cooperarem para sobreviver apesar de não confiarem uns nos outros.

A trama surpreende pela construção de suas reviravoltas e rumos inesperados a despeito de se tornar um slasher bem típico uma vez que a natureza vampírica da menina é revelada e da personagem de Melissa Barrera ser obviamente a final girl que irá sobreviver a tudo. Ainda que nunca sentimos que Joey pode morrer, as guinadas e traições evitam que tudo se torne excessivamente previsível.

Como um bom slasher, o filme constrói boas cenas de gore conforme os personagens vão sendo dilacerados por vampiros, mostrando que apesar do tamanho, Abigail é uma predadora poderosa e astuta que usa seu conhecimento de séculos para manipular suas presas. O gore também se faz presente nas consequências sangrentas que se apresentam quando um vampiro é exposto a suas fraquezas, com pedaços explodindo a qualquer contato com luz do sol.

Parte do que faz a vampira funcionar tão bem é o trabalho de Alisha Weir, que inicialmente constrói de maneira convincente a fachada de frágil garota assustada e depois, ao revelar sua verdadeira natureza, se mostra uma criatura sádica e inteligente, confiante na supremacia de seu poder diante das presas. A garota convence de que estamos diante de uma criatura ancestral que já fez aquela mesma caçada diversas vezes e sabe exatamente o que esperar dos humanos de quem se alimenta. A menina também forja um inesperado laço com Joey, ambas se conectando pelas ausências afetivas de suas vidas e eventualmente se unindo (e unindo seus traumas) contra uma figura masculina que tenta se impor sobre elas à força.

Com personagens carismáticos, ótimas cenas de gore e boa condução da tensão, Abigail é uma grata surpresa no modo como desenvolve sua história de vampiro.

 

Nota: 7/10

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