O
Brasil é um país carregado de desigualdades e de preconceitos, o problema é que
ao invés de lidarmos com isso e enfrentarmos os problemas, muito disso é
ignorado e varrido para debaixo do tapete, não permitindo assim que questões de
preconceito racial ou social, bem como a tacanha divisão espaços de cada grupo,
seja realmente enfrentada. Ao invés disso repetimos chavões vazios como o de
que "não há preconceito no Brasil" ou de "somos uma nação
miscigenada" como se isso fosse o bastante para neutralizar todos os
conflitos de cor, classe e religião que vemos no cotidiano, mas relativizamos
ou ignoramos. Que Horas Ela Volta?,
no entanto, não tem medo de colocar o dedo na ferida da classe média e
(especialmente) média-alta, revelando com cuidado e sensibilidade como nossa
herança escravocrata permanece e gera desigualdades até hoje, tratando de como
a dinâmica casa grande/senzala ainda guia muito de nossas relações sociais.
A
trama conta a história de Val (Regina Casé) uma pernambucana que trabalha como
empregada em São Paulo e mora em um quartinho na casa de seus patrões. Os anos
passam e ela continua trabalhando e morando lá, tendo desenvolvido uma relação
praticamente maternal com o filho de seus patrões, Fabinho (Michel Joelsas). O
garoto tem mais proximidade com Val do que com os próprios pais e ela tem um
carinho genuíno por ele, porém, Val é completamente distante da própria filha,
Jéssica (Camila Márdila), que deixou em Pernambuco e raramente vê. A dinâmica
muda quando Jéssica vem para São Paulo prestar vestibular e acaba ficando junto
com a mãe na casa de seus patrões e a presença dela começa a testar as
"regras" entre patrão e empregada.


















