terça-feira, 6 de novembro de 2018

Crítica – Killing Eve

Análise Crítica – Killing Eve


Review – Killing Eve
Fui atraído para Killing Eve pela presença da atriz Sandra Oh, famosa por viver a Christina Yang em Grey’s Anatomy, e o que encontrei foi uma competente história de espionagem. Criada por Phoebe Waller-Bridge (que interpretou a robô L3-37 em Han Solo) a partir dos romances de Luke Jennings protagonizados pela espiã Villanelle, a série é carregada de tensão e suspense conforme suas duas protagonistas caçam uma à outra.

Eve Polastri (Sandra Oh) é uma funcionária de baixo escalão da inteligência britânica. Entediada com seu cargo burocrático, ela vê a oportunidade de participar de uma operação de espionagem quando uma atividade de rotina a coloca diante de uma perigosa assassina russa. Essa assassina é Villanelle (Jodie Comer), que vive uma vida de luxo por conta de seu trabalho. Aos poucos essas duas mulheres se tornam obcecadas uma com a outra, dando início a um tenso jogo de gata e rata.

Seria fácil transformar Villanelle em uma sociopata genérica, mas tanto o roteiro quanto o trabalho da atriz Jodie Comer colocam nela tantas camadas de complexidade que a tornam uma figura magnética sempre que está em cena. A assassina tem um evidente prazer sádico em matar suas vítimas e não parece ser afetada por essa violência ou exibir qualquer grau de remorso.


Por outro lado, ela demonstra realmente se importar com Konstantin (Kim Bodnia), o agente responsável por gerenciá-la, algo explicitado pela decoração de aniversário que faz para ele. Ela também exibe um certo grau de imaturidade e uma certa carência infantil, o que a torna ainda mais perigosa quando contrariada. Tudo isso serve para conferir humanidade e um certo grau de imprevisibilidade à personagem, que sempre nos deixa em suspense em relação ao que ela fará a seguir.

Já Sandra Oh evoca com bastante habilidade o sentimento de alguém que se envolveu em uma situação além da própria capacidade, já que ela não é uma operativa com o talento ou habilidade de Villanelle. O modo como ela interage com esse recém descoberto submundo da espionagem internacional rende inesperados momentos de humor, que servem como um respiro à tensão constante da trama, à exemplo do diálogo “Se eu te contasse, teria que te matar” entre Eve e Konstantin. Sandra Oh também é hábil em construir os sentimentos complexos que Eve tem por Villanelle, uma mistura de admiração e raiva com algumas pitadas de desejo.

Além do excelente trabalho das duas protagonistas, a trama é habitada por vários coadjuvantes que nem sempre são o que aparentam, contribuindo para a atmosfera de suspense, sempre nos deixando incertos das intenções dos personagens ou do que realmente está acontecendo. Há uma constante impressão de que mesmo quando descobrimos alguma coisa, somos bombardeados por ainda mais perguntas, como se estivéssemos mergulhando em uma toca de coelho sem fim na qual tudo pode acontecer, lealdades podem mudar e a qualquer momento alguém pode se revelar como um agente duplo.

A série ainda cria várias cenas de ação cheias de tensão, em especial a perseguição de Villanelle à um agente duplo britânico por um campo aberto na qual a espiã parece tão interessada em eliminar o alvo quanto seus companheiros de equipe. A cena em que Villanelle invade o apartamento de Eve é outro ponto alto de construção de tensão, mesmo sem recorrer a lutas ou tiroteios, deixando que o suspense emerja da complexidade de suas duas protagonistas.

Mesclando com competência e fluidez o suspense, o drama e até mesmo comédia, Killing Eve é uma envolvente trama de espionagem que nos prende graças ao seu texto afiado e complexidade de suas protagonistas.

Nota: 9/10


Trailer

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