sexta-feira, 7 de março de 2025

Crítica – Autoconfiança

 

Análise Crítica – Autoconfiança

Review – Autoconfiança
Dirigido e estrelado pelo ator Jake Johnson, Autoconfiança parte de uma premissa inusitada para tentar refletir sobre solidão e conexões humanas. A trama é protagonizada por Tommy (Jake Johnson), um homem que se isolou depois do término de um longo relacionamento. Um dia ele é abordado pelo ator Andy Samberg (interpretando a si mesmo) na rua e é convidado a participar de um estranho reality show da deep web: ele precisa sobreviver por 30 dias sendo caçado por outros participantes, se conseguir receberá um milhão de dólares. Tommy decide aceitar se apoiando na regra de que ninguém pode tentar matá-lo se ele estiver próximo de outra pessoa, uma norma feita para evitar que não participantes se firam, mas isso não é tão fácil como ele pensa.

A presa menos perigosa

Todo o começo com Tommy sendo levado por Samberg em uma limusine até o galpão em que dois nórdicos excêntricos lhe explicam as regras dá a entender que tudo será uma aventura aloprada, mas a verdade é que a trama carece desse senso de maluquice que os primeiros minutos imprimem na narrativa. Eu entendo que a prioridade de Johnson é esse lado mais introspectivo, de ruminar sobre conexões interpessoais, mas para que a mudança de atitude de Tommy tenha credibilidade precisamos sentir que ele está nessa situação de vida ou morte que o obriga a repensar suas prioridades.

Isso, no entanto, não acontece. Acompanhamos ele vaguear e raramente sentimos que há alguma ameaça a espreita. O primeiro ataque contra ele, por exemplo, só vem com o filme quase já na metade. Seria importante que o filme criasse algum senso de paranoia, que ele visse pessoas o seguindo de longe, como que esperando o momento em que ele estivesse sozinho para atacar. O filme também não aproveita o universo absurdo que a premissa origina, com apenas alguns momentos, como os “ninjas da produção” entrando no quarto de Tommy ou o lutador de sumô que o persegue no clímax, dando alguma vazão ao reality show maluco que serve de espinha dorsal para a narrativa.

Vidas em jogo

Não ajuda que suas reflexões sobre solidão e relações afetivas não conseguem ir além de constatações óbvias sobre como não podemos nos esconder do mundo para evitar mágoas, que para viver plenamente precisamos nos arriscar, fazer coisas diferentes ou conhecer outras pessoas. Com isso, a trama fica sem impacto emocional algum porque nunca há uma observação interessante ou asserção consistente sobre esses temas. Anna Kendrick é adorável como o par romântico de Tommy, se juntando a ele para tentarem sobreviver ao jogo, mas a narrativa não lhe dá exatamente um arco próprio fazendo ela ser só um instrumento para avançar o arco do protagonista.

Autoconfiança soa como uma oportunidade desperdiçada, se atendo ao mais superficial de seus temas sobre relações humanas, falhando em oferecer qualquer drama ou tensão ao redor de sua premissa insólita.

 

Nota: 4/10


Trailer

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