segunda-feira, 10 de junho de 2024

Crítica – 13 Sentimentos

 

Análise Crítica – 13 Sentimentos

Review – 13 Sentimentos
Novo filme de Daniel Ribeiro, responsável por Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (2014), é uma comédia romântica sobre término e sobre se reencontrar depois de um relacionamento longo. A trama gira em torno de João (Artur Volpi), um jovem cineasta que terminou a relação de dez anos que tinha com Hugo (Sidney Santiago). Ele tenta reconstruir a vida e conhece Vitor (Michel Joelsas), se apaixonando por ele, mas também não quer embarcar diretamente em um novo relacionamento e tenta experimentar outros caminhos.

A narrativa tem uma estrutura que remete a comédias românticas hollywoodianas, com o protagonista passando por vários encontros, conhecendo diferentes tipos de pretendentes e conversando a respeito disso com uma dupla de amigos. É uma estrutura que o filme executa razoavelmente bem, ainda que repita certos clichês que soam bem manjados hoje. O principal é o dos amigos que parecem existir para gravitar em torno dele, já que os dois não tem qualquer arco narrativo e servem basicamente como orelha para João falar sobre os próprios sentimentos, além de ocasional alívio cômico.

Não é, no entanto, uma mera apropriação desses clichês, já que o filme usa da metalinguagem para pensar como relacionamentos são mais complicados do que romances de cinema e, nesse sentido, muitos elementos típicos desse gênero são usados justamente para pensar como eles não correspondem a experiências amorosas no mundo real. Como João usa o término e suas experiências conhecendo pessoas novas como base para um roteiro de cinema que está escrevendo, suas ideias para a trama do roteiro constantemente se chocam com a realidade de seus encontros amorosos. É uma maneira de mostrar como essas narrativas, predominantemente as hollywoodianas, nos colocam expectativas irreais sobre relacionamentos e tratam questões afetivas complexas com simplismos que refletem como é, de fato, navegar nessas dinâmicas amorosas.

O dispositivo, de colocar o protagonista para escrever o roteiro do filme que estamos vendo, também dá a produção um caráter autoficcional, já que é baseado nas experiências do próprio diretor em construir 13 Sentimentos depois do término de seu relacionamento com o também diretor Rafael Gomes. Nesse sentido, a trama é também o percurso do próprio diretor para navegar pelos sentimentos experimentados ao longo desse período de sua vida.

Há também uma tentativa de comentar sobre tabus a respeito de sexualidade e relacionamentos ao colocar João para filmar casais amadores. Especificamente, o filme comenta sobre sexualidades não heteronormativas e, às vezes, exibe um excesso de didatismo nos diálogos que trazem essas ideias. Na verdade, a ação por si só do personagem passar a trabalhar com isso e o próprio filme trazer algumas cenas de sexo com algum grau de nudez (até discreta em relação a outros filmes brasileiros com temática similar) por si só já estaria mostrando essas experiências como expressões naturais de desejo, afeto, sensualidade ou vontade de performar uma sexualidade sem a necessidade de explicar isso de maneira mais explícita.

São questões, no entanto, que não impedem 13 Sentimentos de ser uma comédia romântica dotada de sensibilidade e humor ao examinar o processo emocional de seguir com a vida depois de encerrar um longo relacionamento amoroso.

 

Nota: 7/10


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