terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Crítica – Reacher: Segunda Temporada

 

Análise Crítica – Reacher: Segunda Temporada

Review – Reacher: Segunda Temporada
Os livros de Jack Reacher são como um feijão com arroz bem temperado. Sim, é uma comida básica, mas satisfaz por trabalhar bem seus ingredientes. Os livros escritos por Lee Child não fazem muito para desafiar elementos típicos da literatura de suspense, apenas os executem com competência suficiente para nos manter interessados. O mesmo vale para a série Reacher, que adapta os livros.

Se o primeiro ano se baseou no primeiro romance protagonizado pelo personagem, a segunda temporada adapta do décimo primeiro livro do investigador militar. É fácil entender o salto, já que esse é considerado um dos melhores livros da série e dá ao espectador a oportunidade de aprender muito sobre o passado do personagem ao fazê-lo se reencontrar com membros de sua antiga unidade do exército.

Na trama Reacher (Alan Ritchson) recebe uma mensagem cifrada em seu extrato bancário da antiga colega de farda Neagley (Maria Sten). Dois membros de sua antiga unidade foram mortos em condições misteriosas e agora Reacher e Neagley resolvem juntar os membros remanescentes para descobrir o que está acontecendo e se vingar dos responsáveis.

O contato nos permite aprender mais sobre o passado de Reacher e como sua moral inflexível o colocou em maus lençóis com o exército e iniciou sua descrença com as instituições que motiva sua vida errante vagando pelos Estados Unidos. As relações com os amigos ajudam o personagem a mostrar mais do que o estoicismo rígido do primeiro ano, ilustrando a dinâmica de irmão mais velho que tem com Neagley ou o contido sentimento afetivo que tem por Dixon (Serinda Swan) e que vai se abrindo ao longo da temporada. Outro personagem importante é Russo (Domenick Lombardozzi), um policial cabeça quente, porém correto, que se envolve na investigação. Lombardozzi interpreta o mais nova-iorquino dos policiais nova-iorquinos, quase pendendo para a paródia, mas se destaca por nunca se deixar intimidar por Reacher.

O segundo ano também expõe uma faceta mais ridícula de toda a vibe de “mendigo justiceiro” de Reacher, como na cena em que ele está todo vestido em um smoking formal, mas tem de carregar as botas de caminhada nas mãos porque não tem sequer uma mochila para guardar suas coisas. Em muitos momentos, a temporada evidencia como uma vida mais “comum” deixa Reacher desconfortável, o que pode ser um sintoma de todas as perdas que ele experimentou ao longo da vida e temor de passar por isso de novo. Esses aspectos mais psicológicos, no entanto, nunca são plenamente aproveitados.

Como no primeiro ano, o foco é na tensão da investigação e na ação intensa, mais uma vez se saindo bem nas duas frentes. O mistério principal tem surpresas e dúvidas o bastante para nos manter interessados em sua resolução e mesmo que o vilão interpretado por Robert Patrick seja bem genérico, Patrick ao menos tem uma presença suficientemente ameaçadora para convencer como um oponente à altura de Reacher e seus aliados. A ação continua a ilustrar a eficiência brutal de Reacher e como sua astúcia o faz prevalecer mesmo diante de um número superior de inimigos. Vemos isso na sequência em que ele arremessa bombas incendiárias antes de entrar em uma casa na qual inimigos aguardam para emboscá-lo ou no modo como ele se entrega ao vilão no episódio final para ganhar tempo para Neagley fechar o cerco contra o adversário.

Assim, embora nos faça conhecer um pouco mais do personagem, a segunda temporada de Reacher nunca aproveita plenamente as oportunidades de entendê-lo melhor, focando mais na intriga e na ação para entregar boas doses de adrenalina. Como disse antes, Reacher não tem nada de inovador, mas sua trama e mistério e pancadaria é bem conduzida o bastante para funcionar.

 

Nota: 7/10


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