quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Crítica – Lou

 

Análise Crítica – Lou

Ex-agente da CIA com passado traumático busca expiar os erros de outrora ao decidir ajudar uma mãe que teve a filha sequestrada pelo marido abusivo. É o tipo de premissa que seria facilmente estrelada por algum astro de ação, mas aqui opta por uma protagonista feminina com a vencedora do Oscar Allison Janney.

A pequena ilha em que Lou (Allison Janney) reside está para ser atingida por uma violenta tempestade quando a filha de Hannah (Jurnee Smollett) é sequestrada por Philip (Logan Marshall-Green), o abusivo ex-marido de Hannah que também é um experiente ex-militar. Agora Lou e Hannah precisam correr contra o tempo e contra a tempestade para encontrarem a filha de Hannah antes que Philip saia da ilha.

Janney dá tudo de si como Lou, uma mulher que carrega o peso de anos de decisões difíceis e sacrifícios, inclusive da própria família, mas também dotada de uma irrefreável força de vontade e engenhosidade para superar obstáculos. Janney nos permite ver o cansaço e peso dos anos de trauma no olhar e no corpo de Lou, sendo também bastante eficiente em nos mostrar como a ex-espiã pode ser bastante letal.

É uma pena, portanto, que o resto do filme não esteja à altura dos esforços de Janney. A trama não consegue dar o ritmo de urgência que a premissa evoca e o que deveria ser uma caçada frenética, acaba sendo mais arrastado do que deveria. Tudo bem que uma reviravolta lá pela metade traz algum frescor e impede que o filme mergulhe no puro tédio, ressignificando as relações entre o trio de personagens principais. Ainda assim, porém, não consegue transmitir a sensação de perigo constante que a trama exige.

O texto tenta explorar questões como o trauma causado pela guerra tanto em que serve quanto nas famílias que ficam, além de questões sobre maternidade e responsabilidade, no entanto, nunca tem nada de muito interessante a dizer sobre isso. O material se limita a reproduzir lugares comuns e o que poderia ajudar a dar mais camadas a esses personagens apenas deixa tudo insosso. Só mantemos algum grau de conexão e interesse por conta da performance de Janney, que dá credibilidade ao material mesmo quando é evidentemente uma repetição pouco criativa de coisas que já vimos antes.

Aliás, o filme mostra como Janney pode ter um ótimo futuro como heroína de ação em combates carregados de violência nos quais a protagonista despacha seus adversários com qualquer coisa que tenha em mãos, como a ponta afiada de uma lata de comida. A ação resiste a tentação de tornar Lou uma máquina irrefreável, preferindo uma abordagem um pouco mais realista, com a protagonista se ferindo e ficando mais debilitada a cada novo confronto, o que ajuda a nos preocuparmos com ela.

Allison Janney faz tudo que pode para tornar Lou um envolvente thriller de ação, mas os esforços da atriz são sabotados por uma condução que falha em imprimir urgência e um texto inane.

 

Nota: 5/10


Trailer

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