segunda-feira, 20 de junho de 2022

Crítica – TMNT: Shredder’s Revenge

 

Análise Crítica – TMNT: Shredder’s Revenge

Review – TMNT: Shredder’s Revenge
Eu devo ter gasto muito dinheiro de meus pais em fichas de fliperama para jogar TMNT: The Arcade Game, já que na época eu era fissurado em tudo que envolvia as Tartarugas Ninja. Também passei incontáveis horas jogando o port de The Arcade Game no meu NES assim como a continuação The Manhattan Project. Eventualmente mais um punhado de horas jogando Hyperstone Heist no Mega Drive e Turtles in Time na casa de amigos que tinham SNES. Eu ofereço todo esse contexto para que vocês entendam o quanto fiquei empolgado com o anúncio de um novo beat’em up dos quelônios mutantes neste TMNT: Shredder’s Revenge, ainda mais distribuído pela Dotemu, o mesmo pessoal envolvido no ótimo Streets of Rage 4.

Como em muitos jogos do gênero, a trama é simples: o Destruidor volta em busca de vingança e agora as tartarugas precisam cruzar mais de uma dúzia de fases batendo em soldados do Clã do Pé, robôs, alienígenas e outras criaturas para deter o vilão. De cara é possível escolher entre seis personagens (as quatro tartarugas mais April e o Mestre Splinter), com mais um sendo desbloqueado depois de encerrar o modo história. Como em um bom beat’em up que se preze, o jogo oferece modos cooperativos, tanto online quanto local, para até seis pessoas.

A jogabilidade mantem a essência dos jogos do gênero, com um botão de ataque e um botão de pulo, mas adiciona novos elementos, como um botão próprio para esquiva e outro para o ataque especial. Aqui o especial não diminui a vida do personagem, mas só pode ser usada quando a barra de especial está cheia, para encher a barra é preciso fazer combos ou realizar uma provocação bem sucedida. Com três barras de especial cheias é possível ativar o Modo Radical, que dá invencibilidade temporária além de deixar o combatente mais forte e mais rápido.

Assim como aconteceu em Streets of Rage 4 é possível estender combos fazendo os inimigos quicarem na parede ou fazendo malabarismos com eles no ar, o que dá várias possibilidades de combinar ataques. Desta maneira, a despeito de mecânicas aparentemente simples, há uma boa dose de profundidade do combate. Jogando multiplayer ainda é possível realizar ataques em conjunto com outros personagens, o que abre ainda mais opções.

O jogo tem dois modos principais. O primeiro é o modo História, no qual o jogador caminha por um mapa completando uma fase por vez, podendo salvar ou voltar para refazer níveis já jogados. Nesse modo há um sistema de progressão no qual cada personagem adquire novas habilidades ou atributos conforme acumula pontos. Cada fase ainda tem colecionáveis e desafios para fornecer mais pontos e dar algum valor de replay. Alguns personagens encontrados ao longo das fases também dão algumas missões secundárias, que se resumem a coletar alguns itens escondidos. Esses colecionáveis são relativamente fáceis de encontrar e em praticamente todas as fases eu coletei tudo de primeira.

O segundo modo é o tradicional Arcade, que visa trazer uma experiência similar a dos fliperamas. Aqui o jogador precisa terminar todas as fases de uma só vez com um número limitado de vidas e continues. Aqui, todas as habilidades desbloqueáveis no modo História estão disponíveis desde o início para dar um arsenal amplo desde o início para lidar com o número limitado de tentativas. É uma pena que o jogo não ofereça mais modos, como o roguelike que Streets of Rage 4 apresentou em sua expansão, ou algo como um boss rush para dar um pouco mais de longevidade e replay ao jogo.

O número de inimigos e a vida dos chefões escalona em tempo real de acordo com o número de jogadores simultâneos. Assim, se alguém entrar ou sair no meio da partida, o jogo vai ajustar esses elementos automaticamente a cada mudança no número de jogadores. Os chefões, por sinal, não são meras esponjas de dano, alguns exibindo mecânicas próprias, como a necessidade de desviar das hordas de ratos do Rato Rei ou a necessidade de ricochetear mísseis para desfazer o escudo de energia de Metalhead.

Eu não poderia deixar de comentar na belíssima pixel art que emula muito bem a estética colorida da animação oitentista, além de encher cada personagem com inúmeros frames de animação que servem para dar personalidade e individualidade a cada um deles. A direção de arte constrói fases que remetem aos vários games anteriores, como as praias de Manhattan Project, as paisagens pré-históricas de Turtles in Time ou as ruas de The Arcade Game, mas ao mesmo tempo dão personalidade própria a esses espaços. As fases conseguem trazer elementos singulares, seja em riscos do espaço a exemplo dos macacos que arremessam bananas no jogador e nos inimigos, seja no humor das tentativas toscas dos soldados do Clã do Pé em se infiltrarem no ambiente, como os soldados fingindo trabalhar nos computadores da redação do Canal 6.

É possível ver o amor que a equipe de desenvolvimento tem por esse universo e pelos games das tartarugas das décadas de 80 e 90, já que o jogo é cheio de referências aos produtos de outrora, como o fato das fazes começarem com o título do nível e uma silhueta do chefão, tal qual Turtles in Time. O mesmo pode ser dito da música, que traz novas versões de temas dos jogos antigos, além de novas canções que remetem ao pop, rock e rap da década de 90, com algumas que ficam na cabeça mesmo depois de já termos largado os controles.

Desta maneira, TMNT: Shredder’s Revenge é um ótimo beat’em up que traz a pancadaria fluida e caótica que se espera do gênero, além de contar com uma bela direção de arte e uma trilha musical memorável.

 

Nota: 8/10


Trailer


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