terça-feira, 18 de agosto de 2020

Crítica – Streets of Rage 4

 

Resenha Crítica – Streets of Rage 4

Análise Crítica – Streets of Rage 4
Eu não tenho como contabilizar as horas (provavelmente centenas) que passei jogando os três Streets of Rage para Mega Drive. Ainda hoje considero Streets of Rage 2 um dos melhores beat’em ups já feitos, pelo design de personagens, música marcante, variedade de habilidades e o desenho sonoro que dava peso e impacto a cada porrada dada nos inimigos. Nem preciso dizer que fiquei bem empolgado quando soube do anúncio deste Streets of Rage 4, feito pela Lizardcube e Guard Crush Games.

A trama se passa décadas depois da trilogia inicial. O Sindicato do Crime liderado por Mr. X foi derrotado, mas uma nova ameaça surge na cidade. Os gêmeos Y, filhos de Mr. X lideram um novo Sindicato e contam com um dispositivo sônico que controla as mentes das pessoas. Sim, não é nenhum primor narrativo, mas, na boa, ninguém senta pra jogar um game dessa natureza por conta da história e sim pela oportunidade de surrar centenas de meliantes.

O jogo apresenta um modo história no qual cada fase é jogada com um conjunto de vidas e perder todas permite voltar ao início da fase. Terminar o modo história uma vez habilita o modo Arcade, que oferece uma experiência mais tradicional, na qual é preciso terminar todas as fases de uma só vez, sem salvar e sem continues. Ao final de cada fase o jogador recebe um ranking e os pontos são acumulados para habilitar personagens dos três games anteriores, como versões de Axel e Blaze dos outros três games ou mesmo personagens como Max e Shiva.

É possível jogar com até quatro pessoas em multiplayer local e também é possível jogar online, mas com apenas dois jogadores. Nos modos cooperativos há a opção de permitir ou não que os jogadores causem dano uns aos outros. Além do modo cooperativo, também a um modo de batalha em que os jogadores se enfrentam diretamente em combate.

Inicialmente são quatro os personagens disponíveis, os veteranos Axel e Blaze e os novatos Cherry (filha de Adam do primeiro jogo) e Floyd (aluno de Zan do terceiro jogo). Progredir na história também habilita Adam. A jogabilidade e movimentação lembram bastante Streets of Rage 2, com um botão de pulo, um de ataques normais e um de ataque especial que consome vida se usado. O ataque especial, no entanto tem algumas mecânicas novas, agora é possível recuperar a vida consumida no ataque ao causar dano com ataques normais aos inimigos. Receber dano, no entanto, faz o jogador perder essa porção recuperável de vida.

Isso gera um valor de risco e recompensa no uso dos especiais, já que é possível encadear vários e despachar inimigos rapidamente se o jogador conseguir evitar ser atingido enquanto ataca para recuperar a vida gasta. Usar vários em sequência e ser atingido, no entanto, coloca o lutador em uma situação muito precária. Outra nova mecânica são os “ataques estrela”, golpes que afetam uma grande área e causam muito dano que são usados consumindo estrelas coletadas ao longo das fases. Os combos são um pouco mais fluidos, podendo acertar os inimigos no ar ou fazê-los “quicar” nas bordas da tela para estender ainda mais o combos.

São mudanças bem vindas, mas que fazem pouco para transformar ou levar adiante as estruturas tipicamente repetitivas de beat’em up, inclusive porque algumas delas já estavam presentes em games do gênero lançados nos últimos anos. Além disso, remove recursos presentes em Streets of Rage 3 como a corrida (aqui apenas Cherry corre) ou os rolamentos verticais. A diferença que essas mecânicas de mobilidade fazem são palpáveis depois de habilitar os personagens do terceiro jogo para usá-los aqui. Eu sei que foram elementos polêmicos na época em que Streets of Rage 3 saiu, mas considerando o quanto este quarto game coloca uma quantidade grande de inimigos extremamente móveis diante do jogador, as opções de mobilidade soam muito limitadas em relação às ameaças com as quais é preciso lidar.

Os gráficos chamam atenção pela qualidade dos sprites dos personagens, que parecem desenhados e animados à mão com bastante detalhamento e personalidade. Em termos sonoros, a música continua marcante com suas batidas eletrônicas cheias de energia. Por outro lado, o desenho de som, em especial o som dos golpes e dos inimigos sendo derrotados, soam menos potentes do que em Streets of Rage 2, por exemplo. Lá cada golpe soava como se estivesse arrebentando o inimigo e os adversários soltavam um alto urro de dor ao serem despachados. Aqui os golpes soam um pouco mais abafados, talvez buscando uma abordagem mais realista, embora menos satisfatória. Fico feliz que ao menos nas versões antigas dos personagens que podem ser habilitadas acumulando pontos, os sons de pancada se mantiveram inalterados.

Streets of Rage 4 é um ótimo retorno da famosa série de beat’em ups, com personagens carismáticos e golpes variados, ainda que não ouse muito em mexer com a fórmula ou tente adicionar muitos elementos diferentes.

 

Nota: 8/10


Trailer

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