sexta-feira, 1 de abril de 2022

Lixo Extraordinário – O Bingo Macabro

 

Análise – O Bingo Macabro

Review Lixo Extraordinário – O Bingo Macabro
Este O Bingo Macabro é um daqueles filmes que te dá a impressão de que vai ser um trash divertido por conta de sua premissa aloprada. A verdade é que a produção não faz nada de interessante com suas ideias, nem mesmo em termos de gore ou maluquice, então apesar das imagens de divulgação darem a impressão de que veremos uma idosa armada explodindo demônios no seu salão de bingo, a verdade é que muito pouco acontece.

A trama é protagonizada por Lupita (Adriana Barraza), uma senhora que vê seus amigos se mudarem conforme empresas imobiliárias compram as propriedades do bairro para produzir imóveis caros, atraindo hipsters e gentrificando o local. A gota d’água para Lupita ocorre quando seu salão de bingo é vendido, com o misterioso Sr. Dinheiro (Richard Brake) assumindo o negócio e prometendo prêmios altíssimos. Quando as pessoas que vencem no bingo começam a morrer sob circunstâncias misteriosas, Lupita começa a perceber que forças macabras estão em ação.

Ao trazer a questão da gentrificação e do ódio que Lupita tem dos hipsters que passam a frequentar o bairro, a trama poderia falar de questões de classe e de como o capitalismo empurra populações periféricas cada vez mais para as margens. Ao invés disso, o tema é mal explorado, transmitindo a ideia de que o bairro não é o local, mas as pessoas, com Lupita eventualmente fazendo as pazes com os que se mudaram. O problema é que isso ignora o fato de que as pessoas não estão saindo exatamente porque querem e existem forças fazendo essa pressão. A única coisa boa que essa ideia rende é a cena em que Lupita empurra os hipsters na rua enquanto sorri de satisfação, um dos poucos momentos divertidos.

O próprio Sr. Dinheiro poderia ser usado como metáfora para esse poder sombrio do dinheiro sobre as pessoas, que faz todos deixarem de lado as coisas que lhes importam pela perspectiva do ganho financeiro, mas é algo pouco explorado. Ao invés disso o filme se prende em dramas familiares cheios de clichês que nunca conseguem envolver nem produzir personagens interessantes. A trama se arrasta por esses dramas pessoais desinteressantes dos vizinhos de Lupita, apenas ocasionalmente entregando alguma cena de morte. Mesmo quando o gore chega, não há nada de criativo ou chocante nessas mortes para despertar o mínimo de interesse.

O alcance os a capacidade dos poderes sobrenaturais do vilão também não tem qualquer explicação e, com isso, não conseguimos criar expectativa ou tensão a respeito de suas ações, porque o roteiro não nos dá informação suficiente para nos posicionarmos em relação a ele. A impressão é que tudo é jogado de qualquer jeito, resultando em uma série de inconsistências em relação aos poderes do antagonista.

Isso fica muito evidente no desfecho, quando o Sr. Dinheiro é simplesmente espancado pela população local, sendo facilmente derrotado. É difícil crer que uma entidade tão poderosa, capaz se influenciar a mente das pessoas a longas distâncias, consiga ser derrubada por socos e pontapés de meia dúzia de idosos. Imagino que isso tenha sido pensado para ser engraçado, ver esse vilão poderoso ser eliminado de uma maneira pouco digna, porém o efeito não se concretiza. O embate com ele não consegue nem divertir pelo absurdo da situação.

Apesar de uma premissa insólita que carregava a promessa de uma podreira divertida, O Bingo Macabro não consegue aproveitar suas ideias para fazer algo divertido, nem tem nada a dizer a respeito dos temas que levanta. O resultado é uma entediante perda de tempo.


Trailer


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