quinta-feira, 11 de março de 2021

Crítica - Duas Tias Loucas de Férias

 Análise Crítica - Duas Tias Loucas de Férias


Review - Duas Tias Loucas de Férias
Escrito e estrelado por Annie Mumolo e Kristen Wiig (que juntas também escreveram Missão Madrinha de Casamento) este Duas Tias Loucas de Férias é uma comédia tão absurda e sem noção que me pergunto como as duas roteiristas conseguiram pensar em tantas coisas sem sentido e conseguiram mesclar tudo em um filme minimamente coeso dentro do universo quase que cartunesco que tenta criar. Digo isso porque penso é necessário muita fabulação e inteligência para criar personagens tão estúpidos e ainda assim nos fazer minimamente nos importar com eles.

A trama acompanha as amigas Barb (Annie Mumolo) e Star (Kristen Wiig), duas mulheres de meia idade que ficam sem rumo depois que a loja de móveis em que trabalham acaba fechando. Elas decidem se reinventar viajando para uma pequena cidade na Flórida chamada Vista Del Mar, supostamente um paraíso para pessoas de meia idade. Lá elas conhecem o bonitão Edgar (Jamie Dornan) e se envolvem com ele romanticamente. O que elas não sabem é que Edgar é um perigoso espião trabalhando para a supervilã Sarah Gordon Fisherman (também Kristen Wiig) que deseja matar todos em Vista Del Mar usando um dispositivo que controla mosquitos assassinos.

A breve sinopse soou confusa e sem sentido? Pois é, muito da graça do filme vem justamente do modo como ele salta de um absurdo para outro. Uma simples premissa de duas amigas atrapalhadas saindo de férias sendo invadida por elementos cada vez mais desconectados como espiões, supervilões, números músicas e espíritos dos oceanos. Não deveria funcionar, mas nos pega justamente porque ficamos curiosos pelo que a narrativa vai conseguir inventar a seguir e a todo momento fiquei indagando a mim mesmo “como elas pensaram nisso?”.

Muito do humor vem do contraste entre a banalidade (e falta de noção) de Barb e Star contrastada com esse universo de vilões e espiões. Essa construção aparece já no primeiro momento em que vemos as duas personagens e elas conversam sobre assuntos aleatórios como qual mascote de salgadinhos elas acham atraente enquanto ouvimos ao fundo a canção I Feel Like a Woman de Shania Twain, como se estivéssemos diante de duas mulheres selvagens e imprevisíveis quando, na verdade, estamos assistindo a duas mulheres solitárias de meia idade falando de coisas estúpidas.

Esse senso de aleatoriedade nos diálogos das personagens as acompanha durante toda a narrativa e cada vez que descobrimos algo novo sobre elas, a impressão é que o filme subiu mais um degrau na escala de absurdo. Um exemplo é a cena que Star resolve demonstrar a Edgar seu talento para escrever mensagens de cartões motivacionais e desata a falar platitudes sem sentido.

Jamie Dornan surpreende como o espião Edgar. Um assassino cuja única motivação é cumprir a missão dada a ele para se tornar um “casal oficial” com a vilã Sarah. A expressão “casal oficial” soa sem sentido, mas Dornan a diz com tanta convicção e paixão que é difícil não rir. O ator acaba funcionando como o “sério” do trio principal, um sujeito que parece alheio ao fato de que tudo à sua volta é completamente absurdo, se comportando como se fosse tudo normal e levando à serio cada idiotice de seu personagem ou das demais. Dornan inclusive protagoniza um número musical que é um dos momentos mais divertidos do filme.

A vilã Sarah funciona como um misto de Dr. Evil, Irina Spalko (a vilã de Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal) e o Chapeleiro Louco interpretado por Johnny Depp, agindo como uma diva cruel que sente grande satisfação com seus planos malignos. O covil dela é cheio objetos insólitos, como a orquestra de ratos que toca música de suspense quando ela revela seu plano maligno ou a máquina de refrigerante que ela usa para explicar seu drink favorito.

Os capangas de Sarah divertem pelo absurdo, como o espião incompetente interpretado por Damon Wayans Jr que sempre fala informações pessoais acidentalmente ou Yoyo (Reyn Doi), um garoto asiático que aparentemente é um gênio inventor e pilota boa parte das geringonças da vilã. Mesmo personagens com pouco tempo de tela, como as mulheres do “grupo de conversa” de Barb e Star tem momentos engraçados, inclusive é uma estratégia divertida do filme (que nunca é abusada) de voltar a essas personagens em suas conversas banais toda vez as coisas ficam muita loucas com Barb e Star.

Com um senso de frescor criativo e imaginação absurda em cada cena, Duas Tias Loucas de Férias diverte pelo seu total comprometimento com a falta de noção.

 

Nota: 9/10


Trailer

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