sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Rapsódias Revisitadas – Banzé no Oeste

 

Análise Crítica – Banzé no Oeste

Review – Banzé no Oeste
O comediante Mel Brooks se tornou famoso pelos filmes paródicos que realizou. Brincou com o universo dos musicais da Broadway em Primavera para Hitler (1967), com o terror em O Jovem Frankenstein (1974), filmes de aventura em A Louca! Louca História de Robin Hood (1993) e com os faroestes neste Banzé no Oeste, lançado em 1974.

A trama se passa durante a expansão para o oeste dos Estados Unidos. O empresário Hedley Lamarr (Harvey Korman) deseja construir uma nova ferrovia, mas a pequena de Rocky Ridge está em seu caminho. Para conseguir as terras da cidade, Lamarr planeja manipular o corrupto governador do estado para nomear um xerife que a cidade deteste, esperando que todos abandonem o local. O escolhido para a ingrata tarefa é Bart (Cleavon Little) um trabalhador ferroviário negro que estava prestes a ser enforcado. Lamarr espera que a população não irá aceitar um xerife negro, mas não imaginava que Bart conquistaria a população, se tornando uma pedra em seu sapato.

O filme explora o racismo da época de sua trama, mas não deixa de fazer paralelos com a contemporaneidade em que foi realizado. A narrativa expõe a estupidez dos preconceitos e ridiculariza os preconceituosos como ignorantes irracionais. Essas observações rendem cenas que divertem pelo absurdo, como o momento em que Bart faz a si mesmo de refém diante da população, ou pelos diálogos afiados, como a fala “você sabe, idiotas” dita pelo personagem de Gene Wilder.

Além de falar de racismo, Brooks também parodia os clichês do faroeste, como o exagerado pistoleiro Jim (Gene Wilder), cujas mãos rápidas são praticamente sobrenaturais, ou as imagens finais dos heróis cavalgando rumo ao por do sol, colocando os protagonistas para descerem dos cavalos e entrarem em uma limusine antes de partirem em direção ao horizonte. Até mesmo a natureza grandiloquente das trilhas musicais ganha uma piada aqui na cena em que Bart cavalga pelo deserto ao som de uma música grandiosa apenas para encontrar uma orquestra inesperadamente tocando no meio do deserto.

Como acontece em muitos filmes de Brooks, há uma grande ênfase no absurdo e no humor pastelão. Os pistoleiros contratados por Lamarr para matarem Bart parecem saídos diretamente de algum desenho animado. O confronto entre Bart e Mongo (Alex Karras) se desenvolve como uma cena dos Looney Tunes, inclusive usando música e efeitos sonoros que similares aos desses desenhos. Em outros momentos o humor vem da pura falta de sentido, a exemplo do momento em que Bart coloca uma cabana de pedágio no meio do deserto para atrasar as tropas enviadas por Lamarr.

Nada disso, no entanto, nos prepara para o divertido caos que é o confronto final. A briga entre os habitantes de Rock Ridge e os mercenários enviados por Lamarr toma uma proporção tão grande que literalmente quebra a quarta parede e invade o set de um musical que estava sendo gravado ao lado, levando a uma briga ainda maior com os dançarinos do musical em questão que se estende pelo refeitório e pelo resto dos estúdios da Warner Bros. É algo tão inesperado, tão nonsense e iconoclasta que é difícil não rachar de rir diante desses personagens que saem das telas para causar caos no mundo real.

Trazendo questões sobre a estupidez do preconceito, brincando com os clichês do western e envolvendo pelo seu puro senso de absurdo, Banzé no Oeste é um dos melhores trabalhos do Mel Brooks.


Trailer


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