quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Crítica – A Cor que Caiu do Espaço

Análise Crítica – A Cor que Caiu do Espaço


Review – A Cor que Caiu do Espaço
Dos mesmos produtores do excelente Mandy: Sede de Vingança (2018) e baseado em um conto de H.P Lovecraft, este A Cor que Caiu do Espaço traz a bizarrice e o temor do desconhecido que são típicos das obras do escritor. Por outro lado, os personagens em si parecem não existir para qualquer outra coisa que além de serem submetidos à situação apresentada e assim não nos envolvemos com a situação como deveríamos. 

A narrativa é centrada na família liderada por Nathan (Nicolas Cage), que vive em uma propriedade isolada na floresta da fictícia cidade de Arkham. Quando um estranho meteorito cai na propriedade, fenômenos e criaturas estranhas começam a acontecer, posando uma ameaça para a família e também para o resto da cidade.

A trama começa sem pressa, apresentando o cotidiano pacato da família, aos poucos vai apresentando eventos estranhos, que nos fazem suspeitar que algo está errado, até que tudo explode numa ameaça explicita. Esse clima de tensão e estranhamento é o principal mérito do longa, ampliado principalmente pela direção de arte.

Primeiro chama atenção o uso de cores como tons saturados de rosa e roxo para denotar a presença da “cor” espacial, compondo uma paisagem que realmente soa fora do nosso mundo e de qualquer ambiente natural que conhecemos. O design das criaturas, que muitas vezes parecem formadas de diferentes animais costurados juntos, constrói imagens bizarras que são beneficiadas pelo fato do filme usar principalmente efeitos práticos, próteses, maquiagem e animatrônicos, o que faz tudo parecer mais convincente por existir de forma material ali junto dos atores.

O visual não só remete às formas complexas e confusas descritas por Lovecraft em seus contos (embora eu não tenha lido o conto que serviu de base pra esse filme) como também a O Enigma de Outro Mundo (1982), do John Carpenter, tanto pelo visual quanto pela qualidade dos animatrônicos e maquiagem. Muitas criaturas nem são mostradas explicitamente, aparecendo em closes de algumas partes ou cobertas em sombra, o que ajuda a dar um ar de mistério e confusão em relação a suas formas e também dá a impressão de algo que escapa o entendimento humano, algo que não conseguimos compreender completamente.

Por outro lado, não há muito na família principal para nos conectar a eles, já que não há exatamente arcos dramáticos, transformações, aprendizados ou personalidades muito marcantes no núcleo familiar. Eles estão ali meramente para passarem por aquele apuro, mas não chegam a ser personagens entediantes. Parte disso vem do trabalho de Nicolas Cage, sempre hábil em construir sujeitos excêntricos ou surtados e aqui ele tem espaço para fazer as duas coisas. Determinado a criar alpacas, achando que são o animal do futuro, Nathan é definitivamente um sujeito pitoresco. Conforme a situação vai piorando, Nathan vai se entregando ao desespero e isso permite a Cage exercitar todo o seu histrionismo conforme o fazendeiro pacato surta até com as pequenas coisas ao seu redor, como o gosto ruim das frutas de seu pomar.

A Cor que Caiu do Espaço acaba valendo a pena por seu clima de tensão e mistério, elevado pela criatividade de seus visuais.

 

Nota: 7/10


Trailer

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