terça-feira, 6 de março de 2018

Crítica - Medo Profundo


Análise Crítica - Medo Profundo


Review 47 Meters Down
Duas jovens, Lisa (Mandy Moore) e Kate (Claire Holt), decidem fazer um daqueles mergulhos dentro de uma gaiola de metal para poder ver tubarões. Para muitos isso por si só já seria assustador, mas quando o guincho do barco quebra e a gaiola afunda no oceano, Lisa e Kate ficam em uma situação ainda mais tensa.

O filme acerta em construir uma atmosfera de desespero, usando vários planos amplos para mostrar ao público a imensidão vazia e sombria do fundo do oceano. Há um senso de perigo não só pelos tubarões, mas também pela urgência do estoque limitado de oxigênio que elas dispõem. O filme cria alguns momentos eficientes de tensão, como o ataque do tubarão à gaiola logo quando elas caem ou o segmento em que Lisa se afasta da gaiola e acaba se perdendo na escuridão do mar.

O problema é que o filme não mantém um ritmo consistente desses momentos de tensão (com fez Águas Rasas, por exemplo) e não tem nada com o que preencher a duração entre um instante de perigo e outro. As atrizes Mandy Moore e Claire Holt não têm muito com o que trabalhar e exceto pelos momentos em que suas personagens estão sob alguma ameaça mais direta, não há muitas razões para se importar com elas.

A situação de perigo é um pouco diluída pela presença e instruções constantes de Taylor (Matthew Modine), capitão do barco em que as duas estavam. Considerando que o negócio de Taylor não parecia estar exatamente dentro da lei (Lisa aponta inclusive a ilegalidade de jogarem carne e sangue para atraírem tubarões) e o estado de seu equipamento provavelmente não passaria em uma vistoria de segurança, é difícil crer que ele tenha ficado para ajudá-las, já que quando a Guarda Costeira chegasse ele provavelmente seria preso. Claro, ele pode ser um sujeito altruísta e bondoso, mas o filme não constrói isso no personagem, então a decisão é pouco crível.

A ideia de um resgate à caminho também diminui nosso interesse pelas personagens, já que o roteiro as transforma em figuras passivas que apenas esperam ou reagem aos comandos de Taylor ao invés de pessoas ativas que tomam as próprias decisões e agem diretamente sobre sua história. Existe também o problema com a conveniência com a qual os tubarões, aparecem, desaparecem ou são despistados. O começo do filme informa que os animais são predadores com sentidos hiper apurados, capazes de sentirem o batimento cardíaco de um ser humano debaixo d'água a dezenas de metros de distância. Ainda assim, as personagens despistam os tubarões facilmente se escondendo atrás de pedras. Preciso ainda mencionar que perto do final há uma reviravolta que certamente vai irritar muita gente por ser relativamente desonesto com o público ao fazer uma boa parte do clímax ter sido uma grande perda de tempo.

Medo Profundo é eficiente quando nos apresenta com momentos de perigo, mas lamentavelmente não tem fôlego para manter a tensão em alta ao longo de seus noventa minutos.


Nota: 5/10


Trailer

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