quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Crítica - Missão Impossível: Nação Secreta


Análise Crítica - Missão Impossível: Nação Secreta

Review - Missão Impossível: Nação Secreta
Chegando ao seu quinto filme a franquia Missão: Impossível parece entender o que o público espera quando entra na sala de cinema para um novo filme. A questão é que parece não haver qualquer esforço ou preocupação para oferecer qualquer coisa além deste mínimo denominador comum que já é esperado.

A trama demonstra querer dar um senso de continuidade à franquia, trazendo já no início uma audiência pública na qual a IMF precisa responder pelos eventos (e destruição) do filme anterior. No entanto, qualquer senso de progressão é completamente abandonado a seguir, pois o que acontece depois é uma reprodução direta do enredo de Missão Impossível: Protocolo Fantasma, com a IMF é desmantelada e desacreditada, obrigando Ethan Hunt (Tom Cruise) e sua equipe a agirem na ilegalidade e sem apoio enquanto rodam o mundo atrás de algum item arbitrário que é muito importante para deter os vilões, dessa vez a organização terrorista conhecida como "o Sindicato".

A narrativa é praticamente inexistente e serve apenas para conectar uma cena de ação a outra, o que incomoda nem é a simplicidade, mas o auto-plágio descarado e preguiçoso que sequer se esforça para construir uma história ou mesmo desenvolver os personagens de modo interessante. Sim, pois se em Missão Impossível: Protocolo Fantasma cada membro da equipe tinha sua contribuição para a operação e tinham suas próprias cenas de ação e destaque, aqui Benji (Simon Pegg), Brandt (Jeremy Renner) e Luther (Ving Rhames) ficam presos ao papel de alívio cômico ou de entregar os diálogos expositivos da história. Não que o humor trazido por eles seja ruim, pelo contrário, o timing dos três atores é bastante preciso, mas já acompanhamos esses personagens a tempo suficiente para que eles mereçam algo mais do que algumas piadinhas e explanações.

Claro, Tom Cruise traz a mesma intensidade de costume ao seu Ethan Hunt e ele é o principal responsável por nos manter investidos em sua repetitiva e cansada jornada, já que ele consegue nos convencer da urgência e gravidade da ameaça. Um de seus melhores momentos é a cena do restaurante, já perto do final, quando ele impiedosamente vira o jogo sobre seu inimigo. A novata na franquia é a agente Ilsa Faust (Rebecca Ferguson), cuja ambiguidade constantemente nos deixa incertos de sua real lealdade, além de protagonizar uma das melhores cenas de luta da fita. Uma pena, porém, que o vilão, Solomon Lane (Sean Harris), não esteja a altura de nenhum dos dois. Com uma voz constantemente baixa e áspera que busca o tempo todo nos convencer de sua vilania (mas apenas convence que ele deve ter uma grave laringite), Lane é uma caricatura vazia, sem qualquer personalidade ou motivação claras. Sabemos que ele quer desestabilizar as nações do mundo e que ele o faz, bem, ele faz isso porque é um terrorista e é isso que faz um terrorista e pronto.

Mas vamos ser sinceros, a verdadeira estrela do show são as cenas de ação e sim, elas são muito boas, bem coreografadas e bem filmadas. Além disso acertam ao usar o máximo possível de filmagens com os atores, dublês e locações, o que dá um maior senso de realidade e de perigo, pois vemos que são pessoas de verdade em locais de verdade realizando aquelas proezas. Não que seja um filme de ação realista, no senso mais próprio da palavra, elas continuam exageradas e grandiloquentes como se espera de uma produção deste tipo, mas são executadas de modo que nos convencem de que aquelas pessoas seriam realmente capazes daqueles atos.

O diretor Christopher McQuarrie faz jus à dedicação dos atores e dublês, bem como o uso majoritário de locações reais, ao investir em planos mais longos e mais abertos que deixam tudo mais fluido e natural, ao invés dos closes repletos de cortes e tremedeiras que boa parte dos blockbusters de hoje tentam nos vender como cenas de ação. O destaque fica com a perseguição automotiva em Marrocos e na tão divulgada cena do avião, que realmente colocou Tom Cruise pendurado em uma aeronave, embora esta seja um pouco mais curta do que o esperado.

Assim sendo, este Missão Impossível: Nação Secreta pode não acrescentar nada de novo ou relevante à franquia, mas continua a funcionar como um divertido espetáculo de ação.

Nota: 6/10

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