quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Crítica – Retratos Fantasmas

 

Análise Crítica – Retratos Fantasmas

Review – Retratos Fantasmas
Em seus dois primeiros longas, O Som ao Redor (2012) e Aquarius (2016), o diretor Kleber Mendonça Filho falava de preocupações sobre a transformação do cotidiano e da paisagem urbana de Recife. Questões que, embora as narrativas localizassem nesse contexto específico, dialogavam com o contexto maior da urbanização e segurança pública no Brasil. Neste Retratos Fantasmas, documentário ensaístico sobre a paisagem urbana de Recife, Mendonça usa a discussão do fim dos cinemas de rua no centro de sua cidade para retomar essas ponderações sobre a paisagem urbana brasileira.

O filme é dividido em duas partes, a primeira dedicada ao bairro de Setúbal e ao apartamento em que viveu durante boa parte da vida. A segunda ao centro de Recife e ao desaparecimento das salas de cinema de rua. Na primeira parte o diretor pondera sobre o local em que cresceu e como a relação com o bairro influenciou suas visões sobre a urbanização de Recife e seu próprio cinema.

terça-feira, 14 de novembro de 2023

Crítica – O Assassino

 

Análise Crítica – O Assassino


Resenha Crítica – O Assassino
O diretor David Fincher é famoso por seu perfeccionismo e controle de cada detalhe. Quando escrevi sobre Let Them All Talk (2021) de Steven Soderbergh citei uma anedota em que Soderbergh se sentia cansado só de ver Fincher trabalhar por conta da obsessão do diretor em controlar cada elemento que aparecia em cada frame do filme. Menciono tudo isso porque O Assassino, novo filme de Fincher, mais do que um thriller de vingança é um filme sobre perfeccionismo e como isso afeta as pessoas que tentam controlar tudo ao seu redor.

A trama acompanha um assassino (Michael Fassbender) completamente devotado à sua profissão e que é famoso por entregar o que promete. Quando uma tentativa de assassinato dá errado, ele foge para evitar ser pego e inicia uma corrida contra o tempo para evitar que as consequências desse erro atinjam aqueles que conhece. De certa forma a trama poderia ser enquadrada como uma narrativa de vingança de um assassino subindo na cadeia de comando para eliminar aqueles que tentaram destruí-lo depois do erro. Não deixa de ser isso, no entanto, Fincher pega essa estrutura banal para refletir sobre a natureza do perfeccionismo e como esse esforço de estar sempre no controle está fadado ao fracasso.

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Critica – Loki: Segunda Temporada

 

Análise Critica – Loki: Segunda Temporada

Review – Loki: Segunda Temporada
Depois do picolé de chuchu que foi a minissérie Invasão Secreta não estava disposto a voltar tão cedo a outra série da Marvel e só acompanhei essa segunda temporada de Loki porque o primeiro ano foi bem bacana. Ainda que não seja tão bom quanto sua estreia, esse segundo ano ao menos tem um final que encerra com consistência o arco iniciado por Loki no primeiro Thor (2011).

A trama retoma ao ponto em que o ano anterior terminou, com Loki (Tom Hiddleston) retornando à AVT, mas uma versão diferente àquela em que estava e agora ninguém o reconhece. Loki se dá conta de que está aleatoriamente viajando através do tempo e O.B (Ke Huy Quan), o responsável por boa parte da tecnologia da AVT, lhe avisa que isso pode estar relacionado com a energia emitida pelo Tear Temporal, mecanismo que constrói as linhas do tempo, que saiu do controle desde que Sylvie (Sophia di Martino) matou Aquele Que Permanece (Jonathan Majors). Agora Loki precisa restaurar o Tear para salvar a si mesmo e o multiverso.

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Crítica – Marvel’s Spider-Man 2

 

Análise Crítica – Marvel’s Spider-Man 2

Review – Marvel’s Spider-Man 2

Depois de um excelente primeiro game em Marvel’s Spider-Man e um spin-off competente, ainda que carente de inovações em Spider-Man: Miles Morales, a Insomniac entrega uma continuação propriamente dita neste Marvel’s Spider-Man 2, que não apenas alcança as altas expectativas deixadas pelos games anteriores como também é o primeiro jogo que efetivamente me fez sentir a diferença da atual geração de consoles.

A trama começa com o retorno de Harry Osborn, aparentemente curado da doença degenerativa que o afligia. Peter e Miles agora trabalham em conjunto e tentam equilibrar suas vidas como Homem-Aranha e seus desafios pessoais. A chegada de Harry traz uma nova oportunidade para Peter reconstruir sua carreira profissional, mas uma nova ameaça surge quando o temível Kraven aparece em Nova Iorque disposto a caçar os vários heróis e vilões que habitam a cidade. Ao mesmo tempo, o estranho traje que mantem Harry saudável começa a dar sinais que talvez seja algo mais, principalmente no modo como se fixa em Peter.

sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Crítica – Gen V: 1ª Temporada

 

Análise Crítica – Gen V: 1ª Temporada

Review – Gen V: 1ª Temporada
Não esperava muita coisa quando Gen V foi anunciado. A ideia de um derivado de The Boys que se situava em uma academia de treinamento para jovens heróis da Vought parecia mais algo pensado para atender as demandas contemporâneas por “universos compartilhados” do que uma necessidade narrativa ou dramatúrgica da história sendo contada. Felizmente eu estava equivocado e Gen V não só traz outras perspectivas sobre o universo de The Boys como também acaba sendo bem coeso em dialogar com a série original.

A trama é centrada em Marie (Jaz Sinclair), uma jovem que cresceu em um orfanato da Vought depois de acidentalmente matar os pais quando descobriu seus poderes de controlar sangue com a mente. Misteriosamente ela recebe uma bolsa para estudar na universidade Godolkin, instituição que forma as próximas gerações de heróis da Vought. Lá ela começa a fazer amizade com a colega de quarto, Emma (Lizze Broadway), ao mesmo tempo em que desperta tensões com os alunos mais populares. As coisas se agravam quando Golden Boy (Patrick Schwarzenegger), o aluno mais popular, mata um dos professores e depois se mata. Isso coloca Marie e outros colegas para investigar o que aconteceu e os coloca no centro de uma conspiração da Vought.

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Crítica - Máfia da Dor

 

Análise Crítica - Máfia da Dor

Review - Máfia da Dor
A crise de opioides tem sido um tema recorrente de produções hollywoodianas. Já foi abordada na minissérie Dopesick no terror de A Queda da Casa de Usher e neste Máfia da Dor, produção da Netflix, cuja tentativa de misturar sátira e denúncia nunca resulta em nada de interessante. A trama se baseia no livro de mesmo nome escrito por Evan Hughes sobre uma startup farmacêutica do centro da Flórida que tomou o mercado de assalto com uma variação do poderoso opioide fentanil.

O filme toma algumas liberdades com a história real, mas mantem a base de mostrar a ascensão e queda de uma empresa da Flórida que rapidamente ganhou milhões ao produzir um medicamento a base de fentanil que funcionava através de um inalador sublingual fazendo o medicamento agir mais rápido. A trama é protagonizada por Liza (Emily Blunt), uma mãe divorciada e desempregada que conhece o representante farmacêutico Pete (Chris Evans), que a contrata como vendedora para tentar penetrar o mercado da Flórida. Liza consegue convencer médicos a receitarem o medicamento a pacientes com câncer terminal e logo eles desenvolvem um esquema para recompensar os médicos que receitam suas drogas, estimulando que receitem também em casos que não se enquadram na bula.

terça-feira, 31 de outubro de 2023

Rapsódias Revisitadas – O Estranho Mundo de Jack

 

Análise Crítica – O Estranho Mundo de Jack

Review – O Estranho Mundo de Jack
Embora muita gente pense ser um filme dirigido pelo Tim Burton, a animação stop motion O Estranho Mundo de Jack foi produzida pelo diretor e escrita a partir de um argumento desenvolvido por ele. A confusão, no entanto, é compreensível, já que o nome dele era sempre usado na divulgação quando o longa foi lançado em 1993 e também porque ele tem vários elementos que encontrávamos nos filmes do diretor ali no final da década de 80 e início dos anos 90.

A trama se passa na Cidade do Halloween, um lugar habitado por criaturas que vivem para assustar e trazer o Halloween para o nosso mundo. Se destacando entre os habitantes está o esqueleto Jack, considerado o Rei Abóbora e principal referência da cidade em sustos. Apesar de ser admirado por todos na cidade, passar ano após ano pensando apenas no Halloween faz Jack se sentir vazio. Vagando pela floresta nos arredores da cidade, Jack encontra portais para as cidades de outras datas comemorativas e entra na Cidade do Natal. Lá ele se encanta pelas luzes e cores natalinas e decide que o próximo Natal será feito por sua cidade. A questão é que os aterrorizantes habitantes da Cidade do Halloween não entendem exatamente o espírito natalino e veem tudo como mais uma oportunidade de assustar.

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Crítica – Mussum: O Filmis

Análise Crítica – Mussum: O Filmis


Review Crítica – Mussum: O Filmis
Os trailers de Mussum: O Filmis, biografia do músico e humorista que se tornou famoso por seu trabalho com a trupe Os Trapalhões, não me deixaram muito empolgado. O material de divulgação focava quase que exclusivamente na fase humorista de Antônio Carlos Bernardes Gomes, nome real de Mussum, e me dava a entender que o filme se restringiria a esse período da carreira dele, deixando de lado aspectos menos conhecidos, mas não mais interessantes. Felizmente o material de divulgação não era um reflexo do filme inteiro, que faz um relato bem abrangente da vida de seu biografado.

A trama acompanha a trajetória de Mussum (Yuri Marçal na juventude, Ailton Graça na idade adulta) da infância até o auge do seu sucesso com Os Trapalhões, mostrando sua formação militar, sua trajetória na música com o grupo Originais do Samba e sua relação com a mãe, Malvina (Cacau Protásio/Neusa Borges). Como muitas biografias recentes é relativamente episódica, saltando rapidamente entre várias temporalidades e raramente dando tempo para que conflitos persistam, resolvendo problemas assim que eles se apresentam e se movendo rapidamente para o próximo evento significativo da trama.

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Crítica – Cinemagia: A História das Videolocadoras de São Paulo

 

Análise Crítica – Cinemagia: A História das Videolocadoras de São Paulo

Review – Cinemagia: A História das Videolocadoras de São Paulo
Devo muito da minha cinefilia às videolocadoras. Seja na época do VHS ou do DVD, alugar e assistir filmes era parte central da minha vivência no audiovisual e talvez tenha sido um dos fatores que me levou a trabalhar com isso eventualmente. O documentário Cinemagia: A História das Videolocadoras de São Paulo visa reconstruir as memórias desse tempo e também ponderar sobre aquilo que deixamos pelo caminho quando abraçamos os streamings e deixamos de lado a estrutura de locadoras.

O longa conta a história das videolocadoras a partir dos casos da cidade de São Paulo, mostrando como o negócio começou de maneira informal, com pessoas trazendo filmes de fora e copiando uns dos outros para montarem suas locadoras até a eventual derrocada para os streamings nos últimos anos. Em meio a isso tudo o ramo viveu a profissionalização e combate à pirataria, a revolução do DVD, a concorrência de franquias estrangeiras como a Blockbuster Video e uma série de outras coisas.

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Crítica – A Queda da Casa de Usher

 

Análise Crítica – A Queda da Casa de Usher

Review – A Queda da Casa de Usher
Não vi as séries anteriores que o diretor Mike Flanagan fez para a Netflix, como Missa da Meia Noite e A Maldição da Residência Hill, mas o que me atraiu para este A Queda da Casa de Usher ser inspirada na obra de Edgar Allan Poe. Apesar do título evocar um conto específico do escritor e poeta, a minissérie pega elementos de várias histórias e poemas escritos por ele, com cada episódio evocando uma obra específica além de personagens inspirados em diferentes outras obras.

A narrativa se passa nos dias atuais, sendo centrada no magnata da indústria farmacêutica Roderick Usher (Bruce Greenwood). Sua empresa está no auge do poder e riqueza depois de lançar um analgésico altamente viciante que agrava a epidemia de opioides nos EUA. Aos poucos eventos estranhos começam a acontecer ao redor dele e de sua família, com seus filhos sendo mortos um a um. É então que a irmã de Roderick, Madeline (Mary McDonnell), se recorda de um acordo que fizeram com uma misteriosa mulher (Carla Gugino) anos atrás em troca de poder e riqueza.