quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Crítica – Dezesseis Facadas

 

Análise Crítica – Dezesseis Facadas

Review – Dezesseis Facadas
Misturando viagem no tempo com um serial killer saído diretamente de um terror slasher, Dezesseis Facadas parte de uma premissa insólita para produzir um misto de comédia e suspense bem divertido. A mistura poderia render algo tonalmente bagunçado, mas a produção é competente em equilibrar as várias facetas de sua narrativa de maneira equilibrada.

A trama é protagonizada por Jamie (Kiernan Shipka), uma garota que foi criada pela mãe, Pam (Julie Bowen), para sobreviver qualquer tipo de ataque depois que Pam passou pelo trauma na adolescência de ver todas as amigas mortas por um serial killer mascarado. Décadas depois o assassino reaparece para atacar Pam e Jamie, com Jamie acidentalmente ativando o protótipo de uma máquina do tempo que uma amiga fez para a feira de ciências da escola, levando a protagonista à década de 80. Lá Jamie encontra uma versão adolescente de Pam (Olivia Holt) e precisa usar seu conhecimento do futuro para que as amigas da mãe não sejam assassinadas.

É uma história absurda e ridícula, com o filme acertadamente levando tudo para o lado do humor, usando a viagem no tempo para fazer piada com a cafonice da moda oitentista e como o colegial era um ambiente mais “selvagem” sem preocupação com bullying ou com a segurança dos estudantes. É o tipo de piada que poderia soar como uma crítica anacrônica à “moleza” dos tempos atuais, mas ao invés disso acaba sendo uma zoeira com a falta de noção das décadas passadas.

Mesmo em meio a todo o absurdo da narrativa, o filme encontra momentos eficientes de suspense quando o assassino entra em cena, incluindo momentos criativos de gore em algumas mortes. A trama até consegue surpreender com algumas reviravoltas inesperadas (embora, em retrospecto, elas sejam indicadas em alguns diálogos) que levam para uma crítica ao fascínio de nossa sociedade com a figura do serial killer e esse consumo cada vez maior de produtos true crime. Há também brincadeiras com os clichês do slasher, embora não tenha nada que a franquia Pânico já não tenha feito. É divertido, funciona no contexto da narrativa, mas já vimos antes.

Há um quê de De Volta Para o Futuro (1985) no arco de Jamie e no modo como ela tem que cuidar de versões adolescentes dos pais para que eles se apaixonem no momento certo e não estraguem a relação que terão no futuro nem impeçam Jamie de existir. A trama ocasionalmente volta para o presente com a melhor amiga de Jamie tentando trazê-la de volta ao mesmo tempo em que lida com as consequências inesperadas que a presença da amiga no passado produz no presente, com o texto sendo criativo em pensar nos modos como Jamie muda o passado e os impactos disso.

Não esperava muita coisa de Dezesseis Facadas, mas sua bricolagem de elementos díspares é bem dosada o bastante para criar uma comédia de terror divertida.

 

Nota: 7/10


Trailer


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