segunda-feira, 8 de maio de 2023

Crítica – Guardiões da Galáxia Vol. 3

 

Análise Crítica – Guardiões da Galáxia Vol. 3

Review – Guardiões da Galáxia Vol. 3
Depois de um segundo filme que ficou abaixo do original, ainda que divertido, o diretor James Gunn retorna para um terceiro (e último, já que agora ele está a frente das produções da DC na Warner) filme neste Guardiões da Galáxia Vol. 3 e traz uma emocionante conclusão para a história que começou no filme original.

A trama segue mais ou menos no ponto em que encontramos a equipe ao final de Guardiões da Galáxia: Especial de Festas (2022). Os Guardiões reconstruíram Luganenhum e agora usam o local como base, cuidando da população. Tudo muda quando são subitamente atacados por Adam Warlock (Will Poulter), que deixa Rocket (Bradley Cooper) gravemente ferido. Os equipamentos médicos dos Guardiões não conseguem curar o companheiro por conta da tecnologia específica que foi usada em seu aprimoramento. Assim, Peter Quill (Chris Pratt) e seus aliados partem em busca da corporação liderada pelo perigoso Alto Evolucionário (Chukwudi Iwuji).

É, antes de mais nada, uma trama focada no passado de Rocket e nos traumas que ele vivenciou, nos ajudando a entender muito da personalidade abrasiva e por vezes autodestrutiva do pequeno gênio. Os flashbacks do seu passado impactam ao mostrar a dor que Rocket vivenciou como cobaia de experimentos do Alto Evolucionário. As memórias do personagens encontram, porém, espaço para ternura ao exibir a relação dele com outras cobaias com as quais dividia a jaula, em especial Lylla (Linda Cardellini). O afeto sincero dessa relação é importante para sentirmos o peso de seu desfecho sangrento e o trauma que paira sobre Rocket por todos esses anos. O arco dele é entender que esse passado não precisa definir seu presente ou futuro. Por mais arbitrária que seja sua origem, ele tem controle do próprio destino.

Ainda que o foco seja Rocket, a narrativa também encerra as histórias dos demais membros da equipe, ainda que os resultados não sejam tão consistentes. Nebulosa é uma das que mais tem tempo para ter seus conflitos desenvolvidos, mostrando o tanto que ela aprendeu desde o primeiro filme, deixando de ser uma pessoa solitária e traumatizada para alguém com senso de comunidade e disposta a cuidar dos outros para que ninguém mais passe pelo que ela passou. Quill luta para aceitar que a Gamora (Zoe Saldana) que ele amou se foi e que a Gamora que veio do passado não é a mesma pessoa. O líder da equipe também encara a possibilidade de que deveria tentar se reconectar com sua família biológica na Terra.

Drax (Dave Bautista) passou boa parte dos filmes sendo tratado como um mero alívio cômico e, talvez por isso, seu desfecho não tenha o mesmo impacto emocional dos demais ainda que coerente com o percurso dele até aqui. O problema é que o luto de Drax pela família e seu desejo de vingança foram pouco explorados dos filmes, nunca tivemos sequer um vislumbre de sua vida em família (diferente do recente game Marvel’s Guardians of the Galaxy que lidou bem melhor com os traumas do personagem) então os filmes não chegaram a construir a devida dimensão do impacto emocional disso em Drax. Gamora, por sua vez, está presente mais para servir a trama de Peter, já que ela criou uma nova vida separada dos Guardiões trabalhando com os Saqueadores liderados por Stakar Ogord (Sylvester Stallone). Tudo bem que a breve colaboração com os Guardiões sirva para ela se aproximar da Gamora mais gentil que conhecemos e deixar aberta a possibilidade de maiores aproximações, mas essa é uma versão mais selvagem e indômita da personagem.

Por mais que exiba o grande poder de Adam Warlock, o personagem acaba sendo mais um alívio cômico pelo modo como interage com o mundo a sua volta. Claro, considerando o quanto ele é poderoso, é de se imaginar que ele apareceria pouco, já que se estivesse mais presente resolveria fácil boa parte dos conflitos. Ele está aqui mais para ser apresentado para filmes futuros do que ter uma participação significativa no presente. O Alto Evolucionário é o típico cientista megalômano, mas a atuação de Chukwudi Iwuji instila nele uma intensidade e uma presença imponente que o tornam marcante. O ator também permite que vejamos como a obsessão dele por Rocket nasce de um ego ferido, por não aceitar ter sido superado pela própria criação. Se vendo como uma divindade, ele literalmente move céus e terra para conseguir o que quer.

Como em outros filmes dos Guardiões, o humor vem muito da excentricidade de seus personagens e o modo como eles lidam com os lugares e fenômenos bizarros pelos quais passam. Uma das principais novidades nesse aspecto é Cosmo (Maria Bakalova) o cachorro telepata que auxilia Craiglin (Seann Gunn) no gerenciamento de Luganenhum. O filme também apresenta cenas de ação bem divertidas, com destaque para a luta no corredor ao som de No Sleep Till Brooklyn dos Beastie Boys.

Com humor e emoção Guardiões da Galáxia Vol. 3 é um encerramento digno para a trilogia comandada por James Gunn, fechando os arcos construídos até então e abrindo caminho para novas aventuras.

 

Nota: 8/10


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