sexta-feira, 17 de junho de 2022

Crítica – Young Justice: Phantoms

 

Análise Crítica – Young Justice: Phantoms

Depois de um ótimo retorno após um hiato de quase uma década com uma terceira temporada intitulada Outsiders, a animação Young Justice continuou a mostra porque ainda era uma das melhores séries animadas do universo DC. Assim, a expectativa para esta quarta temporada, intitulada Phantoms, era bastante alta. Aviso que o texto a seguir contem SPOILERS da temporada.

A trama começa com Superboy e Megan viajando ao planeta Marte para se casarem. Durante as preparações do casamento, Superboy é ferido numa explosão e dado como morto. Ao mesmo tempo a equipe precisa lidar com crises envolvendo a vilã Lady Shiva, o aparecimento de uma nova Lorde do Caos que tenta tomar o lugar de Klarion e uma crise em Atlântida envolvendo uma antiga profecia. Os jovens heróis se dividem entre todas essas crises ao mesmo tempo em que são monitorados por um estranho trio que observa tudo à distância e parece ter um grande interesse no Superboy.

Assim como em outras temporadas, a série acerta ao explorar o peso das consequências emocionais sobre os jovens heróis. O melhor exemplo é como a temporada retrata o processo de depressão do Mutano. Depois de presenciar a morte do Superboy, Mutano vai aos poucos se afundando em remédios e relegando tudo aquilo que gostava de fazer, preferindo passar seu tempo deitado sem fazer nada. Quando confrontado pelos amigos, ele nega que tenha problemas e vai alienando todos ao seu redor, da namorada ao emprego como ator. É um processo gradativo, muito parecido com crises de depressão reais nas quais inicialmente pensamos que a pessoa está apenas cansada e só quando as coisas se agravam começamos a perceber que há um problema mais grave.

De maneira semelhante a temporada explora como uma vida de lutas afetou Kaldur, que não consegue mais encontrar algum momento de paz para aproveitar a vida ao lado do namorado, preferindo ir de uma missão a outra sem qualquer descanso. O arco da Tigresa e da Lince serve para aprofundar a complicada relação das duas irmãs ao mesmo tempo em que explora os traumas deixadas em ambas pela Liga das Sombras. Ao explorar esses elementos, a série nunca perde de vista que esses jovens heróis são fundamentalmente “crianças-soldado” transformadas em armas para lutarem em guerras desde muito cedo e que nunca tiveram a chance de experimentar uma vida normal.

Além de drama a temporada também oferece ótimas cenas ação, seja através das lutas da Tigresa contra a Liga das Sombras, os embates mágicos de Zatanna e seus aliados contra os Lordes do Caos ou o apoteótico confronto final entre as várias equipes da Liga da Justiça e o exército de Zod. A ação funciona não apenas pela criatividade com que explora os poderes e habilidades dos personagens, como também por sempre conseguir colocar algo em jogo em nível pessoal para cada um deles. O confronto final, por exemplo, sedimenta a relação de irmãos entre o Superboy e o Superman ao mesmo tempo em que fortalece o laço entre Superboy e Megan.

Por outro lado, a divisão em “mini-arcos” que focam em um grupo restrito de personagens por cinco ou seis episódios, continua dando a incômoda sensação de algo excessivamente fragmentado, porque a temporada demora a conectar todos esses fios narrativos. Como isso só acontece lá pelos últimos oito episódios da temporada, passamos o resto nos indagando como tudo aquilo se encaixa na trama maior da temporada. Claro, ver Zatanna finalmente resolver seu conflito com Nabu e poder ter uma relação normal com o pai é um desenvolvimento recompensador por si só, mas ao longo dos episódios em que a maga enfrenta uma nova Lorde do Caos nos perguntamos como essa nova ameaça vai se relacionar com o resto da temporada e essas respostas demoram a vir.

Além dessa demora em nos fazer como cada uma dessas tramas menores se conecta, há o problema que não há espaço para que alguns elementos tenham a repercussão devida. O afastamento de Mary da equipe de Zatanna por conta de sua sede de poder é colocado como um gancho para uma eventual quinta temporada. O gancho da temporada anterior envolvendo Brion estar sob controle de seu primeiro ministro praticamente não é explorado. Quando a série retorna a Brion é mais para dar um ponto final na relação entre ele e Violet, explorando a questão política da Markovia de modo superficial. A impressão é que a série expandiu tanto seu elenco e escopo que os roteiristas tem mais tramas do que são capazes de lidar.

Por mais que os últimos episódios consigam amarrar a contento a maioria das tramas, incluindo um criativo loop temporal no desfecho de Lor-Zod, a impressão é que a série tenta equilibrar mais elementos do que a minutagem e quantidade de episódios por temporada é capaz de dar conta. Talvez fosse o momento de começar a enxugar o elenco para evitar que as coisas degringolem para uma bagunça confusa mais adiante.

De todo modo, Young Justice: Phantoms entrega mais uma ótima temporada para os jovens heróis da DC, explorando as consequências psicológicas que uma vida de batalhas tem sobre seus personagens.

 

Nota: 8/10


Trailer

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