terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Crítica – Bar Doce Lar

 

Análise Crítica – Bar Doce Lar

Review – Bar Doce Lar
Depois de dirigir dois filmes pretensiosos (Suburbicon e Céu da Meia Noite) que não alcançavam aquilo que ambicionavam, George Clooney se volta para um material mais leve com este Bar Doce Lar. Típico feel good movie feito para a plateia sair se sentindo bem quando os créditos subirem, a trama é baseada na autobiografia de J.R Moehringer.

Depois que a mãe perde o emprego, J.R (Tye Sheridan) se muda para a casa do avô no interior dos Estados Unidos. Lá ele se aproxima do tio Charlie (Ben Affleck), dono de um bar local e começa a tê-lo como figura paterna, já que seu pai biológico é um locutor de rádio que está sempre ausente. A mãe de J.R quer que ele se torne advogado, mas com a convivência com Charlie o jovem passa a desejar se tornar um escritor.

É a típica história de superação, sobre alguém que sai da pobreza para obter sucesso, reproduzindo o mito liberal de que basta ter força de vontade que tudo dá certo. Como outros filmes dessa natureza, a trama pouco se detêm a todas as condicionantes sociais, políticas e culturais que colocaram a família de J.R em uma situação de pobreza, dando a impressão de que eles são pobres simplesmente porque antes de J.R ninguém teve vontade o bastante para mudar as coisas. Por outro lado, o texto evita ficar a todo momento mostrando como eles são miseráveis e tudo é ruim, escapando da armadilha de “pornomiséria” que filmes desse tipo caem.

Ao invés disso, a trama prefere investir na relação de afeto entre J.R, a mãe (Lily Rabe), o avô (Christopher Lloyd) e o tio Charlie, com o tio sendo a figura de maior destaque na vida do protagonista. Nesse sentido, Ben Affleck faz de Charlie um sujeito bastante singular. Alguém que fala sem papas na língua, com um discurso bastante direto, mas com um letramento e bagagem cultural inesperados para alguém de modos tão rústicos. Apesar de ser um sujeito durão, Charlie também emana um calor humano enorme e Affleck é eficiente em transmitir o afeto que o personagem tem pelo sobrinho.

Por outro lado, o filme se perde em uma estrutura demasiadamente fragmentada, com longos saltos temporais entre uma cena e outra, que tiram o impacto dos principais desenvolvimentos e conflitos porque não há tempo para que eles sejam devidamente construídos. A trama também nunca encontra um recorte específico na jornada de J.R. Assim, durante boa parte da projeção fiquei me perguntando, afinal, sobre o que é esse filme? É sobre a jornada da pobreza ao sucesso? É sobre a ausência do pai dele? É sobre o tio Charlie? O roteiro nunca elege um foco e essas tramas e ideias entram e saem a todo o momento sem trazer nada consistente, com o filme não tendo nada a dizer sobre seu biografado.

Apesar de uma performance dedicada de Ben Affleck, Bar Doce Lar acaba sendo superficial e fragmentado demais para devidamente nos envolver na trajetória de seu biografado.

 

Nota: 5/10


Trailer

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