sexta-feira, 16 de abril de 2021

Crítica – A Força da Natureza

 Análise Crítica – A Força da Natureza


Review – A Força da Natureza
Um grupo de ladrões tenta um roubo de itens valiosos durante um furacão. Espera, eu já analisei esse filme, se chama No Olho do Furacão, lançado em 2018. O quê? Esse A Força da Natureza é outro filme sobre um roubo em pleno furacão? Qual o problema de Hollywood com roubos e furacões? Não é como se No Olho do Furacão tivesse sido um baita sucesso ao ponto de gerar imitadores, na verdade foi um grande fracasso e A Força da Natureza é igualmente ruim.

Cardillo (Emile Hirsch) é o clichê do policial atormentado por um erro do passado. Ele trabalha em Porto Rico e, ao lado da parceira Jess (Stephanie Cayo), acaba indo parar em um prédio que é atacado por assaltantes bem quando um poderoso furacão atinge a ilha. Os ladrões são liderados por John (David Zayas) que está em busca de valiosas pinturas escondidas por um morador do prédio.

Na prática é uma mistura de Duro de Matar (1988) com Twister (1996), mas sem a tensão do primeiro ou o espetáculo destrutivo do segundo. O que ele tem a oferecer então? Bem, nada. Apesar de termos dois policiais confinados em um prédio com bandidos em maior número, não há qualquer sensação de urgência, os vilões, apesar de cientes da presença de Cardillo, não fazem muito esforço para procurá-lo e a maioria dos embates acontece porque os personagens se encontram fortuitamente nos corredores.

Na verdade todo o roteiro se constrói em cima de coincidências difíceis de engolir ou arbitrariedades absurdas, como o fato de um dos moradores do prédio criar um felino selvagem no apartamento. Como ele levou um animal feroz sem que ninguém visse? Como o bicho não faz barulho para alertar os vizinhos e qual o sentido de ter um animal daqueles trancado em um quarto de um apartamento pequeno? Não só não faz sentido, como é inacreditável que os personagens, que são policiais diga-se de passagem, façam piada e levem na boa algo que deve somar vários crimes sanitários e ambientais.

O furacão em si também desempenha pouca importância em criar tensão. Exceto pela impossibilidade de usarem seus rádios ou celulares, a tempestade praticamente não afeta os personagens. Não há ventos capazes de derrubar pessoas, detritos sendo arremessados no prédio, nada. Mais parece que os personagens estão em meio a uma chuva forte do que um furacão.

O roteiro tenta fazer de John um vilão cruel ao fazê-lo matar os capangas cada vez que eles fracassam, mas isso só faz o personagem parecer um idiota. Como ele espera recrutar bons capangas se fica matando todos? Porque reduzir a vantagem numérica que ele tem em relação aos heróis? Isso sem falar na estupidez de matar alguém com um tiro à queima-roupa em uma sala cheia de quadros valiosos arriscando danificar as pinturas. Se ele é um conhecedor de arte como o texto dá a entender, porque ele arriscaria danificar os exatos objetos que veio para roubar?

Todos os personagens são clichês unidimensionais desprovidos de carisma, dos quais é impossível torcer. O romance entre Cardillo e a médica Troy (Kate Bosworth, esposa do diretor Michael Polish) acontece apenas porque o roteiro determina (tudo no filme, na verdade), nunca soando natural. Mel Gibson inicialmente diverte interpretando um idoso boca suja (ou seja, ele próprio), mas rapidamente o personagem se torna aborrecido por não ter muito mais a oferecer. Como todo mundo é tão desinteressante, é difícil se importar com as eventuais mortes, que não causam impacto algum.

Entediante, inócuo e arrastado, A Força da Natureza vai desaparecer de sua memória na velocidade de um furacão.

 

Nota: 2/10


Trailer

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