quarta-feira, 24 de julho de 2019

Crítica – Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal


Análise Crítica – Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal


Review – Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal
Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal é um filme sobre um serial killer que praticamente não mostra o personagem cometendo assassinatos. Essa escolha poderia ser um grande problema, mas a narrativa usa isso como virtude e o resultado é uma trama que tenta entender o fascínio que um sujeito como Ted Bundy exercia sobre pessoas comuns.

A narrativa, baseada em uma história real, começa quando Ted Bundy (Zac Efron) conhece a secretária Liz Kendall (Lily Collins). Eles vivem um relacionamento aparentemente feliz até que um dia, durante uma viagem, Ted é detido por um policial na estrada, supostamente por ser reconhecido como um assassino procurado na área. Ted, no entanto, clama inocência e avisa para Liz que a polícia está armando para ele. Liz inicialmente acredita no namorado, mas acusações de outros estados começam a aparecer e Liz começa a ter dúvidas, mas o charme de Ted é eficiente em mantê-la sob seu controle durante um bom tempo.

A ideia parece ser explorar a natureza magnética de Bundy e como um serial killer tem facilidade em manipular e convencer as pessoas ao seu redor do que quer que seja. Nesse sentido, é acertada a escalação de Zac Efron como Bundy, já que provavelmente não há ninguém melhor para evocar a presença magnética do serial killer do que um galã hollywoodiano. Efron se vale de seu charme natural para fazer de Bundy um sujeito tão naturalmente boa praça que ninguém conseguia dizer não para ele. Desta maneira, a performance de Efron consegue nos convencer de como alguém como Bundy manteria as pessoas ao seu redor presas em sua rede de mentiras por tanto tempo.

Por outro lado, a trama peca em sua estrutura ao tentar cobrir um período muito longo de tempo, desde que Bundy e Liz se conhecem até a execução de Bundy. Com isso, a narrativa acaba tendo um fluxo bastante episódico, pulando longos períodos de tempo entre uma cena e outra. Em alguns momentos o filme até falha em estabelecer uma relação de causa e consequência entre o que vimos e o que acontece a seguir.

Um exemplo é o primeiro julgamento de Ted. As cenas que assistimos mostram Ted e seu advogado apontando diversos buracos e erros procedimentais, então imaginamos que ele conseguirá ser inocentado, mas a cena seguinte, meses depois, mostra Ted sendo condenado. Claro, foi isso que de fato aconteceu na história real, mas pela maneira que o filme apresenta toda a situação a maneira como ela é concluída não dialoga com o modo como ela é apresentada.

O mesmo pode ser dito do arco dramático de Liz, que se afunda em culpa e alcoolismo desde que Ted é preso pela primeira vez e permanece nesse estado mesmo depois que ele termina o relacionamento. Ao final, ela simplesmente se livra do alcoolismo ao vê-lo ser condenado, sem muita explicação dos motivos. Além disso, depois de aparentemente ficar sóbria, vemos novamente a personagem se culpar pelo que aconteceu com Ted, finalmente oferecendo uma motivação para tal. Outro problema é que o filme nos informa dos problemas psicológicos e emocionais de Liz, mas vemos muito pouco de como isso impacta sua vida, sua relação com o novo companheiro (Haley Joel Osment) ou com a filha.

O que sustenta Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal acaba sendo a exploração da natureza manipulativa do serial killer e a performance magnética de Zac Efron.

Nota: 6/10


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