segunda-feira, 23 de abril de 2018

Crítica - Submersão

Análise Submersão



Review Submersão
O cineasta alemão Wim Wenders, responsável por obras como  Paris, Texas (1984) ou Asas do Desejo (1987), é daqueles diretores que me faz correr para o cinema sempre que lança um novo filme. Este Submersão, no entanto, fica bem abaixo do que se espera de um trabalho de Wenders, ainda que tenha sua parcela de qualidades.

A narrativa é centrada no romance de Dani (Alicia Vikander) e James (James McAvoy), que se encontram durante um final de semana em uma pousada à beira-mar. Eles prometem se reencontrar, mas enfrentam problemas por conta de seus respectivos trabalhos. Dani trabalha com biologia marinha e parte em uma expedição para explorar o ponto mais profundo do oceano. James é um agente britânico que acaba capturado por fundamentalistas islâmicos durante uma missão no Quênia. O filme alterna entre o confinamento de cada um com flashbacks do romance dos dois.

As cenas envolvendo a construção do romance entre os dois são os momentos em que o filme funciona melhor. Primeiramente pela química que Vikander e McAvoy tem um com o outro, vendendo de maneira crível a paixão arrebatadora experimentada por seus respectivos personagens. A segunda coisa é que as interações entre os protagonistas permitem que o filme trabalhe de maneira mais natural suas temáticas envolvendo a relação do ser humano com a água e vida, também usando a questão da água e camadas do oceano como uma metáfora para o ato de se apaixonar.


Por outro lado, quando o filme se detém sobre os percalços dos personagens sozinhos tudo perde parte de sua força. As ponderações sobre água e vida passam a ser transmitidas por longos monólogos que parecem fazer pouco para avançar no desenvolvimento das ideias construídas no início do filme. Além disso, a própria jornada dos personagens transcorre com pouquíssimos desenvolvimentos, dando a impressão de que a narrativa está andando em círculos conforme vemos cena após cena do sofrimento de James em seu cativeiro e as constantes torturas as quais é submetido. Os segmentos com Dani são ainda piores, já que muitos deles consistem da personagem fitando o horizonte e suspirando de saudade do seu amado ou recebendo conselhos amorosos de colegas de trabalho.

Como de costume em sua carreira, Wenders é hábil ao criar imagens marcantes que dizem muito à respeito dos personagens e das ponderações que a trama tenta construir sem que uma palavra seja dita. O domínio do cineasta tem sobre suas imagens quase compensa o vazio narrativo que o filme deixa. Há uma clara oposição entre as cores vívidas das paisagens naturais visitadas pelo casal protagonista e a escuridão dos espaços confinados que James e Dani vivem posteriormente. Tal qual a explicação das camadas do oceano dada por Dani, o universo que Wenders constrói para seus personagens igualmente cheio de vida e de escuridão.

Mesmo com o poder de suas imagens, Submersão deixa a desejar pela trama sem ritmo e ponderações redundantes sobre a relação do ser humano com o mundo e consigo mesmo.


Nota: 5/10


Trailer

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