quinta-feira, 16 de maio de 2013

Crítica - 2 Mais 2

Análise 2 Mais 2


Review 2 Mais 2
Apesar de tudo, sexo ainda é um tema tabu em nossa sociedade, principalmente as práticas sexuais que vão de encontro às noções mais tradicionais de família. Dentre estas temos o swing, ou simplesmente troca de casais, e é sobre isso que trata a comédia romântica argentina Dois Mais Dois.

A história é centrada em Diego (Adrian Suar) e Emília (Julieta Diaz), um casal na faixa dos quarenta com um filho adolescente e que vê esfriar a sua vida a dois. Uma alternativa surge quando um casal amigo, Ricardo (Juan Minujin) e Betina (Carla Peterson), assume ter reacendido a chama da relação através da prática do swing e que esta poderia ser uma alternativa para eles.

É interessante como o filme vai inicialmente contrapondo as ações dos dois casais, revelando a oposição direta entre eles. Enquanto Betina e Ricardo se beijam loucamente com línguas para todos os lados, Diego apenas beija timidamente o ombro de Emília. Em outro momento Ricardo e a esposa transam com intensidade enquanto que Diego e Emília dormem e há um grande espaço vazio entre os dois na cama, indicando o distanciamento do casal.


De início Emília é mais aberta à possibilidade de swing enquanto que Diego apresenta muita resistência exibindo camadas de insegurança emocional e sexual sob sua fachada de preconceito e conservadorismo. É justamente sobre esse comportamento excessivamente retraído que o humor do filme incide, como o momento em que ele pergunta a Ricardo que tipo de drogas se consome durante um swing e Ricardo ri, explicando que nem todos os swingers são um bando de depravados viciados em drogas e sexo. O embaraço de Diego a lidar com uma situação também é incrivelmente engraçado na cena em que o casal vai a um swing pela primeira vez.

Na verdade, todo o elenco exibe um timing cômico impressionante, sempre acertando o tempo das piadas e reações, nunca deixando nada parecer forçado ou que uma piada está acontecendo por mero capricho do roteiro. Há muitos momentos genuinamente engraçados e logicamente tentarei não contar muito aqui. A montagem também contribui para a comicidade em especial numa cena em que Diego e Emília conversam sobre fazer fio-terra e a cena corta para um plano fechado do dedo indicador de Emília em riste apontando para um mapa meteorológico.

A trama ainda é madura o bastante para mostrar que sexo não é tudo num relacionamento, avançando alguns meses e mostrando novamente o casal de protagonistas deitado na cama com um grande espaço entre eles. Além disso, trata de como sexo e amor se confundem e dos problemas que podem acontecer ao se envolver com mais de uma pessoa, embora ainda assim não trate o swing como uma prática ruim por si só, apenas que algumas pessoas conseguem viver dessa forma, em especial o hilário Pablo (Alfredo Casero), e outras não.

A única coisa que chega a ser problemática no filme é o uso da música, já que o diretor Diego Kaplan insiste em pontuar todas as cenas de sexo com os mesmos solos de saxofone que mais parece algo saído de um pornô softcore do fim dos anos 70. Já que falei em cenas de sexo, aviso de antemão aos onanistas de plantão (ou aos que caíram por acidente nesta página enquanto procuravam pornografia) que tudo é retratado de maneira bastante simples e singela, não havendo uma nudez muito explícita ou gráfica. O que é uma virtude para o filme, pois não precisa apelar para um excesso de nudez para chamar a atenção do público, confiando na competência de seu roteiro e no talento de seus atores.

Dois Mais Dois é uma comédia divertidíssima que trata abertamente com bom-humor e maturidade um tema bastante tabu, ao mesmo tempo entretendo e quebrando preconceitos.


Nota: 7/10

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