A trama mostra Scott (Paul Rudd) tentando se reconectar com a filha, Cassie (Kathryn Newton). Quando ela cria uma espécie de telescópio para o reino quântico, isso desperta temor em Janet (Michelle Pfeiffer), que tenta desligar o aparelho. Antes que consigam, porém, Scott, Cassie, Janet, Hope (Evangeline Lilly) e Hank (Michael Douglas) são arrastados para o reino quântico. Lá eles precisam sobreviver aos estranhos perigos do local e ao temível Kang (Jonathan Majors), que vê nas partículas Pym um meio de finalmente sair do reino quântico.
O reino quântico apresenta todo tipo de criatura bizarra, sendo criativo com as possibilidades de inserir elementos pitorescos, explorando tanto o humor quanto a ação que esses elementos podem proporcionar, incluindo algumas cenas de ação bem psicodélicas. Esse encantamento visual, porém, é atrapalhado por efeitos especiais irregulares, já que em muitos momentos temos a clara impressão de que o elenco está simplesmente sozinho diante de uma tela verde. O reino quântico também nunca soa como um lugar coeso com regras próprias, não conseguindo ser muito mais do que uma colagem de paisagens bizarras.
O início introduz vários habitantes desse reino, mas nunca os aproveita plenamente, com a maioria sendo descartada sem realizar seu potencial, seja o telepata interpretado por William Jackson Harper (o Chidi de The Good Place) ou o governante excêntrico interpretado por Bill Murray. O vilão MODOK (Corey Stoll) funciona melhor do que eu esperava, com o filme inteligentemente evitando levar a sério demais um personagem cujo conceito e visual são inerentemente exagerados e pendendo para comicidade. Os efeitos especiais que criam o personagem, porém, deixam um pouco a desejar e sua enorme cabeça mais parece um filtro estranho de imagem do que efetivamente uma deformidade grotesca.
Inicialmente o conflito entre Cassie e Scott soa pouco convincente. O roteiro tenta criar atrito entre os dois personagens ao fazer de Cassie uma jovem revoltada com a ausência do pai e sua relutância em atuar mais diretamente como super-herói e as duas coisas soam mal construídas. Considerando que Scott passou anos preso no reino quântico e que ele ajudou os Vingadores na batalha contra Thanos, salvando o universo, exigir que ele volte à ação seria como pedir a um veterano de guerra para retornar ao front. Ao contrário de outros Vingadores Scott é um sujeito relativamente comum e seria de se esperar que ele quisesse viver em paz. Felizmente Rudd e Newton tem química suficiente para que possamos ver o afeto que Scott tem por Cassie mesmo quando o material não constrói isso bem e as interações entre os dois impedem que Cassie soe como uma adolescente aborrecida.
Depois de ser desperdiçada no segundo filme do Homem-Formiga, Janet finalmente tem algum espaço na história. A trama nos ajuda a entender o que ela fez durante o tempo em que ficou presa no reino quântico e a coloca no centro do conflito com Kang. Michelle Pfeiffer é ótima em nos mostrar como Janet se tornou uma sobrevivente astuta e calejada naquele lugar ou o temor que Kang instila nela. Hope, por outro lado, acaba tendo pouco o que fazer, o que torna a declaração de amor entre ela e Scott ao final não soar devidamente merecida já que o casal interagiu tão pouco ao longo do filme e Scott estava mais focado em Cassie.
Jonathan Majors, por sua vez, domina cada cena em que aparece como Kang. Uma força da natureza que controla tudo ao seu redor. Kang tem plena ciência da extensão de seu poder e não tem qualquer reserva moral em intimidar ou ferir seus oponentes para mostrar o quanto é superior. Ele também parece sempre estar no controle, demonstrando a experiência de alguém que viveu e transitou por lugares muito além de nossa compreensão. Na verdade, Kang é um oponente tão poderoso e formidável em relação aos heróis que o filme precisa em recorrer em algumas ocasiões diferentes a deus ex machina em que os protagonistas são subitamente salvos por aliados chegando em cima da hora quando estavam prestes a perder. A verdade é que deveria haver alguma perda substancial ao enfrentar alguém com tanto poder.
Nem sempre conseguindo dar conta
de suas intenções em termos técnicos ou narrativos, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania consegue minimamente entreter
pela imponência de seu vilão e pela relação entre Scott e Cassie.
Nota: 5/10
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