quinta-feira, 20 de abril de 2023

Crítica – O Mandaloriano: 3ª Temporada

 

Análise Crítica – O Mandaloriano: 3ª Temporada

Review – O Mandaloriano: 3ª Temporada
Depois de duas temporadas intensas, a terceira temporada de O Mandaloriano apresenta uma trama que demora mais para se encontrar e parece vaguear em busca de sentido por boa parte da temporada. A questão aqui nem é a trama ser lenta, mas que boa parte da temporada parece não saber o que quer desses personagens ou mesmo quem é o ponto focal da narrativa.

A trama deste terceiro ano começa mais ou menos no ponto em que encontramos Din Djarin (Pedro Pascal) quando ele apareceu na série The Book of Boba Fett. Ele conseguiu uma nova nave e se reuniu com Grogu e agora tenta montar uma expedição para Mandalore para se banhar nas águas sagradas de seu subterrâneo como forma de penitência por ter removido o capacete. Para conseguir tal feito, o mercenário acaba recorrendo à relutante ajuda de Bo-Katan (Katee Sackhoff).

De início a impressão é que a jornada penitente de Din será a trama principal da temporada, mas isso logo é resolvido nos primeiros episódios ao invés de ser alongado por todos os oito episódios. O problema é que uma vez que Din e Bo-Katan retornam ao enclave mandaloriano, a trama não parece saber para onde ir. Nas duas temporadas anteriores havia um claro senso de urgência, de uma crise que precisava ser resolvida e dava uma sensação real de perigo desde o primeiro episódio de cada temporada. Aqui, mesmo em nas tramas isoladas de cada episódio, os eventos carecem de urgência.

Um exemplo é o episódio em que Bo-Katan ajuda a caçar um perigoso monstro que levou uma criança mandaloriana para seu ninho. Somos informados que é questão de tempo até a criatura devorar o menino, mas nunca temos a sensação de que os personagens estão correndo contra o tempo. Inclusive, a trama soa perdida em termos de quem de fato é o ponto focal, se Din e seu esforço para tornar Grogu um legítimo aprendiz de mandaloriano ou se Bo-Katan e sua relutância em assumir um papel de liderança para unir as diferentes facções de seu povo.

Tudo bem que mesmo nesses episódios em que a trama principal soa perdida, a série é eficiente na sua construção do universo de Star Wars, nos dando vislumbres do funcionamento da Nova República de um jeito que a nova trilogia nunca conseguiu e finalmente nos fazendo entender como os remanescentes do Império conseguiram se reerguer mesmo diante da formação de um novo governo. O episódio centrado no Dr. Pershing (Omid Abtahi) mostra como a burocracia e a soberba da Nova República tornava fácil que operativos do Império operassem debaixo de seus narizes e deixassem os planetas da Orla Exterior pouco assistidos. Se na série Clone Wars o produtor Dave Filoni conseguiu aprofundar uma série de ideias que a trilogia prelúdio tocou apenas superficialmente, trazendo novos olhares para esses filmes, aqui ele faz o mesmo pela nova trilogia, nos mostrando os passos iniciais da organização da Primeira Ordem.

Do mesmo modo, a temporada deixa mais evidente como os mandalorianos são basicamente um povo em diáspora, nos fazendo sentir como essa desconexão de suas raízes, de seus legados culturais e tecnológicos, impacta no senso de identidade desse povo. Isso fica bastante claro nos diálogos do grupo de Din com Bo-Katan. Eventos e lugares que para ela são parte de sua vivência e memória recente, para os outros, que não viram Mandalore em seu auge, tudo soa como distante, lendário e quase fantasioso.

A trama só se encontra de fato quando nos revela a fuga de Moff Gideon (Giancarlo Esposito) e o estabelece como o principal antagonista da temporada. A partir daí os dois últimos episódios focam na retomada de Mandalore e entregam não só cenas de ação tensas e empolgantes, como também consegue amarrar com habilidade todos os pontos narrativos desenvolvidos ao longo dos três anos de série. Além da diáspora dos mandalorianos e a retomada do planeta, o desfecho sela o laço que une Din e Grogu, bem como a jornada de Bo-Katan em se redimir por falhas do passado e retomar seu lugar como líder e unificadora de seu povo. Na verdade, o desfecho encerra tão bem os arcos construídos até aqui que eu não me incomodaria se fosse o fim da série e só reencontrássemos esses personagens em outras histórias (como a vindoura série da Ahsoka).

Sem a consistência dos anos anteriores, a terceira temporada de O Mandaloriano demora a se encontrar, conseguindo manter nosso interesse pelo modo como expande nosso conhecimento sobre a Nova República e pelo apoteótico final que consegue encerrar suas principais tramas com bastante competência.

 

Nota: 7/10


Trailer

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