terça-feira, 14 de março de 2023

Crítica - Magic Mike: A Última Dança

 

Análise Crítica - Magic Mike: A Última Dança

Review Crítica - Magic Mike: A Última Dança
Desde sua narração inicial é visível que Magic Mike: A Última Dança é um filme cheio de pretensões conforme a voz da narradora explica como a dança é capaz de salvar a sociabilidade humana. Se o segundo filme, Magic Mike XXL (2015), que foi dirigido por Gregory Jacobs e não por Steven Soderbergh como o primeiro e este terceiro, assumia tranquilamente seu caráter de exploitation com excessos e comicidade, esse desfecho para a trilogia cai na besteira de se levar a sério demais como o original e talvez se leve até mais a sério.

Na trama, depois de perder seu negócio de móveis por conta da pandemia, Mike (Channing Tatum) passa a trabalhar como barman. É nesse trabalho que ele conhece a ricaça Max (Salma Hayek), que descobre o passado de Mike e o contrata para uma dança. Encantada pelo talento e capacidade sedutora de Mike, Max decide levá-lo para Londres para que ele organize um espetáculo de dança.

Há uma tensão sexual palpável entre Tatum e Hayek, com Hayek sendo especialmente eficiente em mostrar que por trás de toda a exuberância e esbanjamento Max tem em si uma grande medida de insegurança. Os números de dança continuam sendo o ponto alto do filme, com coreografias grandiosas e uma boa dose de sensualidade, o problema é que esses dois elementos que seriam os mais promissores são deixados de lado em prol de ideias inanes. A relação entre Mike e Max fica focada na produção do show e as danças aparecem pouco.

O arco de Max acaba focando em questões de classe e a escolha entre casar por amor ou por dinheiro, repetindo clichês de tramas românticas sem, no entanto, ter muito a dizer sobre isso. Do mesmo modo, boa parte do conflito que envolve a tentativa de montar o espetáculo enquanto a direção do teatro busca tecnicalidades para expulsar os personagens repete velhos conflitos entre erudito e popular que já foram melhor desenvolvidos em uma infinidade de outros musicais.

As ideias de liberação sexual feminina ou do poder catártico da dança consistem também de falas que já soam familiares em pleno 2023 o que em si não seria um problema. O problema é como Soderbergh transmite isso com um senso de autoimportância como se tudo fosse uma grande sacada da parte dele e ele nos estivesse apresentando a algo novo e revolucionário quando são discursos que já circulam há muito tempo. A impressão é que o diretor tenta racionalizar demais toda a questão da dança e do strip-tease, como se julgasse tudo isso abaixo de si e precisasse justificar ao público que não se trata meramente de pessoas tirando a roupa, que ele é um artista sério e que existe toda uma mensagem subjacente.

O fato de Soderbergh achar que precisa se explicar para o público e precisa nos convencer de que estamos diante de uma “arte séria” já diz muito o que ele provavelmente pensa sobre essa forma de expressão. Ao explicar demais, o filme reduz o impacto da dimensão sensorial e sensual da dança, como uma piada que perde a graça depois de ser explicada. A narrativa sabota exatamente aquilo que deveria ser sua força, desperdiçando a química entre seus dois protagonistas e o talento de seus dançarinos em prol de um texto pretencioso que se julga revolucionário, mas só repete platitudes familiares.

É uma que o resultado esteja tão aquém do seu potencial. Afinal “Salma Hayek vira sugar mamma do Channing Tatum” é uma premissa interessante que é transformada em puro tédio por uma condução que se leva a sério demais.

 

Nota: 4/10


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