quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Crítica – Gato de Botas 2: O Último Pedido

 

Análise Crítica – Gato de Botas 2: O Último Pedido

Review – Gato de Botas 2: O Último Pedido
Confesso que não tive interesse nenhum em assistir Gato de Botas (2011) quando foi lançado. Só fui assistir anos depois em algum final de semana sem ter o que fazer quando passava na TV a cabo e era exatamente o caça-níqueis inane que imaginei que seria. Por isso também não tive lá grande vontade ou expectativa para conferir este Gato de Botas 2: O Último Pedido. Esperava que fosse ser o estúdio chutando o cavalo (ou gato nesse caso) morto de uma franquia que deveria ter acabado uns três filmes atrás. Depois de conferir o filme, no entanto, o resultado é surpreendente e muito superior ao anterior. É praticamente O Sétimo Selo (1957) ou Logan (2017) no universo Shrek.

Na trama o Gato (Antonio Banderas) está na última de suas nove vidas e na mira do temível caçador de recompensas conhecido como Lobo (Wagner Moura). Com medo de perder sua última vida, o Gato empreende uma jornada para uma misteriosa floresta buscando encontrar um fragmento de estrela cadente para que possa realizar um desejo. O problema é que ele não é o único atrás da estrela.

Visualmente o filme se afasta da computação gráfica fotorrealista que tem sido comum na franquia Shrek e adota um design mais cartunesco para seus personagens, ajudando-os a se tornar mais expressivos. Ele também mistura computação gráfica e animação 2D de uma maneira bem fluida, que remete a Homem-Aranha no Aranhaverso (2018), conferindo visuais mais marcantes.

A narrativa é cheia do humor e aventura que se espera de um filme dessa natureza, mas o que chama atenção são os momentos de introspecção. A história gira em torno do Gato de Botas confrontar sua própria mortalidade e medo de morrer, ponderando o que fazer da vida e redefinindo suas prioridades. Tudo bem que os filmes no universo Shrek de alguma maneira tocavam em questões adultas, mas não o grau de questionamento existencialista presente aqui.

A ideia de olhar para o passado e ponderar sobre o próprio legado, principalmente os vários erros cometidos ao longo da vida traz uma maturidade que não esperava encontrar. Há uma certa melancolia no arco do Gato em entender que não pode fugir dos próprios erros, apenas podendo tentar ser melhor no futuro e construir uma vida em que não precise repetir os problemas de outrora, logicamente por ser uma produção infantil ele nunca se encaminha em direção a tragédia, mas mostra como uma vida de decisões ruins pode afetar alguém.

Ainda assim há muito espaço para humor, se sustentando no carisma dos protagonistas e um uso criativo de elementos típicos de contos de fada. Um exemplo é o Inseto Ético (basicamente uma versão genérica do Grilo Falante da Disney) que tenta ser a consciência de um dos vilões e eventualmente desiste da função ao perceber que o sujeito é uma pessoa horrível que toma sempre as piores decisões possíveis. O Lobo vivido por Wagner Moura na dublagem original traz consigo uma presença sinistra e o senso de que ele realmente pode ser capaz de eliminar o Gato, trazendo um senso de risco bastante palpável e que muitas vezes não está presente em produções ao público infantil.

Com visuais renovados e uma trama que consegue ser mais madura sem abrir mão do humor e do encatamento, Gato de Botas 2: O Último Pedidos é muito melhor que seu antecessor.

 

Nota: 8/10


Trailer

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