quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Crítica – Por Que as Mulheres Matam: Segunda Temporada

 

Análise Crítica – Por Que as Mulheres Matam: Segunda Temporada

Review – Por Que as Mulheres Matam: Segunda Temporada
A primeira temporada de Por Que as Mulheres Matam foi uma grata surpresa. Com uma comédia ácida, a série de antologia contava três histórias de mulheres em três períodos de tempo distintos para mostrar como o ideal de vida feminino estava longe de ser tão maravilhoso quanto dizem. Essa segunda temporada se afasta um pouco das críticas sobre como a sociedade trata as mulheres, para ir ainda mais adiante no humor sombrio. Claro, a ideia de que a sociedade prende as mulheres em determinadas funções ainda está presente aqui, mas não é tão preponderante quanto na primeira temporada.

A trama se passa em 1949. Alma (Allison Tolman) é uma desengonçada dona de casa de meia idade que sonha em ser notada pela sociedade e, principalmente, entrar para o prestigiado clube de jardinagem de sua cidade, do qual apenas mulheres ricas fazem parte. Para entrar, ela precisaria convencer a presidente do clube, Rita (Lana Parrilla), que não está disposta a permitir que alguém mais humilde e menos glamourosa entre em seu clube. Rita também tem problemas com o marido, Carlo (Daniel Zacapa), um homem riquíssimo e idoso que está prestes a provar que Rita tem um amante, podendo tirá-la do testamento. A rivalidade de Alma e Rita vai eventualmente criar uma espiral de crimes e mortes que coloca a cidade em polvorosa.

Ainda que fale um pouco sobre o tédio e o vazio da vida de uma típica esposa suburbana, o arco de Alma é mais próximo do Lester (Martin Freeman) da primeira temporada de Fargo (que também tinha Allison Tolman no elenco), no que o de qualquer personagem da temporada anterior de Por Que as Mulheres Matam. É a jornada de uma pessoa comum e mansa chutando o balde e decidindo arrasar tudo em seu caminho para conseguir o que quer. Allison Tolman é ótima em construir a transformação gradual da personagem, de uma mulher que mal consegue falar com a alguém olhando no olho, sempre adotando uma postura tímida e defensiva, para alguém segura, esnobe e venenosa que esmaga qualquer um em seu caminho. Os figurinos ajudam a mostrar essa transformação, indo de vestidos marrons sem muitos detalhes no início da temporada, para roupas e maquiagem em alta saturação de cor.

Do mesmo modo, Lana Parrilla faz de Rita aquele tipo de megera que dá gosto de odiar sem, no entanto, descambar para uma caricatura rasa, já que tanto a atriz como o roteiro dão alguma humanidade à Rita por conta de seu passado difícil e do afeto genuíno que ela tinha pela prima. A eles se juntam um grupo de coadjuvantes pitorescos, como Bertie (Nick Frost), o pacato marido de Alma que guarda um segredo bizarramente sombrio, ou Scooter (Michael Daddario, irmão da atriz Alexandra Daddario) o pretenso ator que é amante de Rita, igualmente oportunista e burro.

Também similar a Fargo, a trama se desenvolve em um crescente de absurdo e maluquice apoiado em coincidências e eventos fortuitos que levam a trama para direções cada vez mais inesperadas. É tudo usado de maneira autoconsciente, reconhecendo que estão se valendo do dispositivo das “forças do destino” típicas do melodrama, mas mais importante que essas coincidências são as consequências hilárias que acontecem por conta delas. 

Tudo bem que alguns elementos de fato soem forçados, como Vern (Jordane Christie) entregar sem olhar as fotos comprometedoras que tirou para uma cliente. Considerando que ele é um detetive particular muito correto e precavido, era de se esperar que ele ao menos se certificasse que estava entregando aquilo pelo qual a cliente pagou. Como conveniente não o faz, isso dá tempo suficiente a Alma para eliminar a única pessoa que olhou as fotos. Essas ocorrências, no entanto, não ocorrem o bastante ao ponto de prejudicarem a experiência.

Focando mais no humor do que na crítica social, a segunda temporada de Por Que as Mulheres consegue ser uma deliciosa e divertida história sobre assassinato e os bastidores venenosos da alta sociedade.

 

Nota: 7/10


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