quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Crítica – Amor em Little Italy

 

Análise Crítica – Amor em Little Italy

Review – Amor em Little Italy
Fui assistir Amor em Little Italy esperando algo como uma versão ítalo americana de Casamento Grego (2002), uma comédia romântica sobre um grupo específico de imigrantes que usa o humor para celebrar e homenagear essa herança cultural. O que encontrei, porém, é um filme cheio de clichês e estereótipos, seja em relação à trama de romance, seja em relação à representação da população ítalo-americana.

A trama acompanha o casal Leo (Hayden Christensen) e Nikki (Emma Roberts). Os dois se conhecem desde a infância quando os pais de ambos tinham uma pizzaria juntos. Décadas depois, Nikki retorna ao antigo bairro para passar alguns dias com os pais antes de partir para um emprego na Inglaterra e reencontra Leo, trazendo de volta sentimentos que ela pensava ter superado.

Christensen e Roberts se esforçam para tentar trazer alguma química ao casal, mas não conseguem superar o fato de que não há qualquer drama, tensão ou conflito entre eles. Já nas primeiras cenas o filme nos informa que eles tinham algo um pelo outro desde a infância e a rivalidade entre as famílias, que seria o principal elemento de conflito, não repercute em quase nada na trama do casal, fazendo pouca diferença. Só no final que a questão da disputa familiar se torna um fator, mas é resolvido tão rápido que não tem muito impacto.

Falando na rivalidade, a revelação do motivo dos pais de Nikki e Leo terem brigado décadas atrás soa boba demais em relação ao nível de hostilidade e atos de sabotagem que eles cometeram um contra o outro ao longo de quase duas décadas. Imagino que a escolha tenha sido pensada para gerar um efeito cômico, mas isso entra em conflito com a severidade da disputa que o filme estabeleceu antes, que envolvia até as autoridades, com denúncias de tráfico de drogas contra Leo ou a tentativa de fazer os funcionários do rival serem deportados.

A subtrama da avó de Nikki, Franca (Andrea Martin), e o avô de Leo, Carlo (Danny Aielo), se apaixonando até poderia render algo interessante ao explorar um tipo de relação que o cinema hollywoodiano raramente se detém. Podiam explorar a questão de ambos finalmente tentarem dar mais uma chance ao amor depois de ambos perderem seus respectivos cônjuges décadas atrás, mas é prejudicado por conta das cenas envolvendo os dois constantemente conterem publicidades pouco orgânicas de uma franquia de cafeterias.

Falta principalmente aqui um senso de encantamento e de afeto pelo local e comunidade retratados. Considerando a proposta do filme, deveríamos encerrar a projeção sentindo que aprendemos mais sobre aquele grupo, que entendemos o que há de tão fascinante sobre aquele povo e cultura, porém ao longo de seus 100 minutos o filme não consegue nos convencer do que há de tão especial no bairro de Little Italy. Incomoda, como falei no início, que muito do humor se baseie em estereótipos sobre ítalo-americanos, como se boa parte do elenco de apoio estivesse meramente tentando fazer imitações de Robert De Niro nos filmes de Martin Scorsese. Do mesmo modo, a trama romântica é toda apoiada em clichês batidos incluindo a corrida ao aeroporto para impedir que a amada viaje.

Sem graça, cheio de clichês e sem muito o que dizer sobre a comunidade que retrata, Amor em Little Italy é como uma pizza velha requentada sem sal, sem tempero e sem molho.

 

Nota: 3/10


Trailer

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