sexta-feira, 17 de maio de 2019

Crítica – Entre Vinho e Vinagre


Análise Crítica – Entre Vinho e Vinagre


Review – Entre Vinho e VinagreEu já estou calejado quanto à decepcionante produção de longas metragens originais da Netflix. Sempre que algo parece minimamente promissor, o resultado final geralmente é algo morno. Ainda assim, fui esperançoso assistir Entre Vinho e Vinagre por ser a estreia da talentosa comediante e roteirista Amy Poehler como diretora. O produto final, porém, parece algo feito ao “estilo Adam Sandler de produção” no sentido de que todo filme parece ter sido feito para que Poehler saísse em uma viagem de férias com as amigas. Em si isso não teria problema se o filme rendesse algo bacana, mas do jeito que está parece que o elenco se divertiu bem mais que o espectador.

A trama segue um grupo de amigas que se reúne depois de anos para comemorar o aniversário de Rebecca (Rachel Dratch), que está fazendo cinquenta anos. Abby (Amy Poehler) alugou uma casa na região dos vinhedos da Califórnia para comemorar o aniversário da amiga e montou todo um itinerário da viagem, mas sua natureza controladora começa a incomodar as demais. Com o tempo, a alegria do reencontro vai dando vazão a ressentimentos antigos entre elas.

Poderia ser uma ótima “dramédia” considerando o talento do elenco principal composto por nomes como Maya Rudolph, Paula Pell ou Ana Gasteyer, mas o resultado é tão morno e inane que não envolve nem como drama nem como comédia. O elenco claramente exibe uma excelente química juntas, já que são atrizes que se conhecem e trabalham lado a lado faz tempo. É possível perceber como muitos diálogos e cenas foram improvisados entre elas, a questão é que toda essa química raramente é aproveitada para cenas interessantes de um ponto de vista cômico ou dramático. Na maioria das vezes apenas as vemos cantando juntas músicas antigas ou tentando fazer humor a partir de frases de efeito que não tem o impacto que deveriam.

Quando o filme chega na marca de mais ou menos uma hora de projeção a trama entra mais na parte do drama conforme os conflitos começam a emergir. Imaginei que nesse momento as coisas começassem a engrenar conforme o texto coloca essas mulheres para confrontarem a convenção social de que os melhores anos de suas vidas já passaram e que precisam se conformar com o que virá a seguir, além de lidarem com seus problemas individuais. Mais uma vez, porém, todos esses conflitos não são desenvolvidos de maneira satisfatória, talvez pelo filme possuir muitas personagens, não conseguindo sair da superfície deles e resolvendo tudo de maneira muito fácil e muito rápida no final.

Claro, existem alguns momentos competentes, como a cena em que Abby e as amigas vão a uma exposição de arte de alguns jovens hipsters e desenvolvem um conflito geracional com essa juventude superprotegida, que vive em bolhas e parece gostar das coisas apenas de um jeito irônico, nunca se apegando a nada. Outro bom momento é quando elas tentam ajudar Val (Paula Pell) depois da personagem rolar morro abaixo, uma cena que diverte pelo comprometimento do elenco com a comédia física.

Esses bons momentos, no entanto, não são suficientes para salvar Entre Vinho e Vinagre do marasmo e superficialidade de sua narrativa, que subaproveita um ótimo elenco em uma comédia dramática que está mais para vinagre do que para vinho.

Nota: 5/10


Trailer

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