terça-feira, 30 de maio de 2017

Crítica - Mulher Maravilha

Análise Mulher Maravilha


Review Mulher Maravilha
Uma das poucas coisas unanimemente elogiadas no divisivo Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016) foi justamente a Mulher Maravilha vivida por Gal Gadot e sua poderosa música tema composta por Hans Zimmer e o DJ Junkie XL. Apesar de ser tão importante para o universo DC quanto Batman ou Superman, a personagem nunca tinha recebido seu próprio longa metragem nos cinemas, então esse filme não tinha apenas a missão de finalmente consolidar o Universo DC nos cinemas (já que os outros três filmes tiveram uma recepção divida), como também estar a altura das expectativas de todos que sempre quiseram ver a amazona nas telonas. Felizmente o filme atende a ambas expectativas e é tudo que se esperava de um filme da personagem.

A trama conta a origem de Diana (Gal Gadot), sua juventude na ilha de Temiscira, seu treinamento nas mãos da amazona Antíope (Robin Wright) e sua relação com sua protetora mãe Hipólita (Connie Nielsen). A rotina de Diana muda quando um avião cai na sua ilha trazendo o piloto Steve Trevor (Chris Pine), que traz notícias preocupantes sobre o "mundo os homens" e as terríveis armas de destruição que estão sendo desenvolvidas durante a Primeira Guerra Mundial. Crendo que o conflito está sendo alimentado por Ares, o deus da guerra, Diana resolve acompanhar Steve ao mundo dos homens levando consigo as armas divinas de sua ilha para finalmente eliminar o deus da guerra.

Como os eventos ocorrem no passado, essa é uma Diana mais ingênua daquela que vimos em Batman vs Superman. Ela é uma guerreira que crê no bem inerente da humanidade e sua jornada a confronta com o fato de que o ser humano é imperfeito e como alguém como ela, criada para ser um símbolo do bem e da virtude, lida com os defeitos daqueles que deveria resguardar e proteger. Gal Gadot continua sendo altiva, poderosa e confiante como Diana, mas aqui ela exibe uma vulnerabilidade e inocência que sua versão mais experiente e calejada vista no filme anterior não possuía. É no modo como ela reage a esse mundo, sua frustração com as injustiça, seu asco dos generais que condenam milhares de soldados a morte sem jamais terem pisado em um campo de batalha, ou sua compaixão para com os que perderam suas casas na guerra, que reside a força do filme. Ela é alguém que é melhor que todos nós, que expõe nossas falhas, mas nos lembra do nosso potencial e nos inspira a realizá-lo.

Chris Pine traz seu habitual carisma a Steve e tem momentos bem humorados com Diana nas vezes em que tenta explicar para ela o funcionamento do "mundo dos homens", mas também desenvolve uma relação bem sincera e crível com ela, como se ele fosse uma chance dela ver o mundo sob os olhos de um mortal e sentir o que é a vida das pessoas comuns. O laço que ela cria com Steve e os demais companheiros de tropa ajuda a entender o motivo dela se manter fiel aos seus princípios mesmo tendo visto o pior da humanidade e também como ela consegue ser um símbolo de esperança para os demais combatentes.

As imagens de guerra, ainda que economizem no sangue, são eficientes em mostrar a devastação e a brutalidade dos combates. O ataque às praias de Temiscira, em especial, dá aquela sensação de "fim da inocência" ao ver aquele cenário idílico tomado por um embate feroz entre os soldados e as amazonas, com dezenas de corpos espalhados pelo chão ao fim do combate. Inclusive há um grande contraste na escolha das cores usadas na ilha e no restante do mundo. Se Temiscira tem o verde e o azul vibrantes das árvores e oceanos e o branco reluzente das construções, a Londres e o fronte de batalha são espaços cinzentos, com predominância de cores frias e pouco saturadas. Diana o único elemento mais colorido (graças a sua armadura e equipamentos) durante a guerra, como se literal e metaforicamente a presença dela trouxesse a luz e cor de sua ilha natal e a devolvesse a um mundo sombrio tomado por  morte e conflito.

As cenas de ação são cheias de energia e dinamismo, ressaltando a ferocidade de Diana enquanto combatente, tornando-a uma presença imponente e poderosa. A câmera passeia com fluidez pelos campos de batalha, usando poucos cortes (e disfarçando alguns com efeitos especiais), dando unidade e coesão aos espaços e por mais que as coisas fiquem caóticas e múltiplos eventos aconteçam em diferentes lugares, jamais perdemos a compreensão de quem está aonde e fazendo o quê. A diretora Patty Jenkis consegue usar a câmera lenta para trabalhar em favor das lutas, dando a esses momentos impacto e dramaticidade ao invés de tornar tudo truncado, picotado e pouco orgânico como fez Zack Snyder em Batman vs Superman. A ação ainda é beneficiada pela música pulsante e o já citado tema da personagem.

Mulher Maravilha é uma estreia mais do que digna da heroína em um longa-metragem solo, trazendo um competente equilíbrio entre drama, ação e humor ao nos apresentar à sua forte, carismática e inspiradora protagonista.


Nota: 9/10

Trailer

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