quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Crítica - Assassino à Preço Fixo 2: Ressurreição

Jason Statham Jessica Alba


O primeiro Assassino à Preço Fixo (2011), remake de um filme homônimo de 1972 com Charles Bronson, não era nenhuma bomba, mas também não era o tipo de filme que você saía da sessão empolgado e desejando uma continuação. Ainda assim, mesmo sem ninguém querer, nem pedir esse Assassino à Preço Fixo 2: Ressurreição chega aos cinemas e paradoxalmente ao que diz seu subtítulo, sepulta a possibilidade de tentar transformar em franquia o que era só mais um filme de ação.

Passados alguns anos depois do primeiro filme, o assassino Bishop (Jason Statham) vive no Brasil com nova identidade até ser descoberto por uma misteriosa organização. Ao descobrir que está sendo caçado por um antigo rival, ele foge para a Tailândia para montar uma ofensiva, mas quando sua namorada, Gina (Jessica Alba), é sequestrada, ele precisa realizar três assassinatos a mando do vilão para garantir a liberdade dela.

A trama é basicamente uma reciclagem do template básico dos filmes de ação dos anos oitenta de "vamos resgatar a namorada". Isso não é um problema em si. Não vou assistir um filme desses esperando um drama shakespeariano, mas sim o fato de não fazer nenhum esforço para ir além desse lugar-comum, nos deixando com uma narrativa sem um pingo de personalidade. O romance entre Gina e Bishop acontece simplesmente porque o roteiro manda, já que num instante ele desconfia dela, para no outro já estar completamente apaixonado, levando-a para cama e lhe dando seu relógio, um presente de seu finado pai que ele nunca tira do pulso.

O vilão é um traficante de armas genérico com um plano vago de vingança e de dominação do mercado global de armas que jamais consegue soar como uma ameaça crível. Jason Statham trabalha no piloto automático, fazendo o mesmo tipo estoico e durão que sempre faz, prejudicado por um roteiro que lhe dá alguns diálogos constrangedores de tão ruins. O veterano Tommy Lee Jones, por sua vez, passa vergonha como um histérico traficante de armas com uma barbicha risível. Por fim, Jessica Alba não tem nada a fazer além de ser a típica mocinha em perigo (sim, em pleno 2016 ainda fazem isso).

Os assassinatos executados pelo personagem não tem qualquer empolgação ou suspense, pois já de cara a narração que introduz seus alvos já identifica quais são os pontos fracos deles e qual o melhor curso de ação, os quais o protagonista cumpre sem qualquer obstáculo ou dificuldade. Alguns são tão fáceis que me pergunto se o vilão realmente precisava de Bishop. Um exemplo é a cena da piscina, se tudo que bastava era dar um jeito de quebrar o vidro (e o vilão parece saber disso), para que eles precisavam obrigar o protagonista a fazê-lo?

Mas pelo menos as cenas de ação são boas né? Infelizmente não. As lutas são burocráticas, sem nada que as diferencie de qualquer outro filme feito por Statham e a montagem epilética lhes tira a fluidez, deixando tudo muito fragmentado e truncado. Não ajuda o fato de Bishop despachar os oponentes com extrema facilidade, nunca nos deixando com a sensação de que ele está em perigo ou criando qualquer dúvida quando à sua possibilidade de ter sucesso.

Para completar, qualquer resquício de imersão é quebrado pelos efeitos especiais completamente toscos, que parecem saídos de alguma série de televisão de vinte anos atrás. Um exemplo é a luta no Pão de Açúcar no Rio, toda feita com um chroma key ultra artificial que deixa claro que os personagens estão em qualquer lugar menos ali e faz tosca a cena do bondinho de 007 Contra o Foguete da Morte (1979) parecer um primor (e olha que esse é considerado um dos piores filmes de James Bond). Esse uso de chromas ruins permeia o filme todo, além de alguns efeitos de computação gráfica, como o sangue digital e as explosões, são igualmente ruins.

Mais parecendo uma produção de baixo orçamento a ser lançada direto para home video (e certamente seria esse seu destino não fosse a presença de nomes como Statham e Jones), Assassino à Preço Fixo 2: Ressurreição não tem nada, nem mesmo as cenas de ação, que faça valer o ingresso. Melhor esperar passar no Domingo Maior da Globo.


Nota: 2/10


Trailer:

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