quarta-feira, 22 de junho de 2016

Crítica - O Caseiro



Confesso que fiquei intrigado com O Caseiro, filme nacional que pegava carona na clássica premissa da "casa mal assombrada". O terror não é um gênero muito abordado por grandes produções brasileiras, normalmente ficando mais restrito ao underground em produções como Mangue Negro (2008). Apesar de parecer bem interessante, O Caseiro acaba não conseguindo ser plenamente satisfatório por alguns problemas.

A trama é centrada em Davi (Bruno Garcia), um cético professor de psicologia que afirma que fantasmas não são algo sobrenatural e sim uma manifestação física de um trauma inconsciente. Sua visão de mundo é posta em teste quando uma aluna lhe pede para investigar estranhos fenômenos que acontecem em sua casa e que sua família credita ao fantasma de um antigo caseiro da propriedade, que teria cometido suicídio depois de assassinar a esposa e filha.

Com uma fotografia que dá predominância a tons de cinza, baixa saturação de cores e ambientes repletos de sombra e névoa, o filme estabelece bem um clima macabro e dá uma sensação de que coisas horríveis podem acontecer. A questão é que apesar da boa ambientação, há uma escassez de tensão ou sustos durante a projeção. Depois dos primeiros minutos estabelecerem o que está afligindo a família, imaginamos que assim que Davi chegar à casa, os fenômenos começarão a se manifestar sobre ele, mas ao invés disso temos mais uma longa cadeia de diálogos expositivos que explicam coisas que já sabemos.


Só mesmo na última meia hora é que a trama começa a avançar de maneira significativa e considerando que são apenas noventa minutos de projeção, é muito pouco e muito tarde. Principalmente porque todas as reviravoltas se acumulam e se atropelam neste último ato, mal dando tempo para absorver as consequências de uma e outra já desfaz tudo e nos obriga a constantemente reajustar nossas expectativas. Prejudica também o fato de algumas delas serem bastante óbvias, como a identidade do garoto do livro de Davi, que é facilmente prevista já no primeiro instante que ele menciona a própria obra.

O que é uma pena, pois o elenco está muito bem. Bruno Garcia convence com o ceticismo e natureza atormentada de Davi, enquanto que Leopoldo Pacheco transmite a dor de alguém que já não sabe como proteger a família. O elenco mirim dá credibilidade ao lugar-comum das "crianças macabras" e convencem mesmo sendo algo bastante familiar neste tipo de produto.

O Caseiro é bem conduzido e tem um elenco competente, mas tropeça em um roteiro sem ritmo que não consegue ser eficiente em construir a tensão e o medo.


Nota: 5/10

Trailer:


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