quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Crítica - Pai em Dose Dupla

 


Will Ferrell e Mark Wahlberg já tinham mostrado que funcionam como dupla cômica no divertido Os Outros Caras (2010) dirigido por Adam McKay (do igualmente ótimo A Grande Aposta). Vê-los voltar a dividir a cena numa comédia era algo bastante promissor, mesmo sem McKay na cadeira de diretor, mas este Pai em Dose Dupla lamentavelmente não consegue repetir o mesmo êxito da parceria anterior da dupla.

Ferrell vive Brad, um homem sensível e retraído que é encantando com a paternidade e que sempre quis ter filhos, mas é infértil. Seus sonho de ser pai se concretiza através dos filhos de sua esposa Sara (Linda Cardellini, a Laura Barton de Vingadores: Era de Ultron) que aos poucos começam a aceitá-lo como pai. Sua posição, no entanto, é ameaçada quando o pai biológico das crianças, o metido a machão Dusty (Mark Wahlberg), retorna à cidade disposto a recuperar o afeto dos filhos, iniciando uma disputa entre os dois pela atenção das crianças.

Este é uma daquelas "comédias de uma piada só" já que todo o humor gira em torno das armações de Dusty e Brad para se sabotarem ou tentando parecer superior ao outro. A maioria das situações se desenvolve de modo bastante previsível e com um pouco de atenção é possível antecipar a maioria das piadas. Isso não impede que aqui e ali o filme consiga arrancar bons risos (a maioria delas está no trailer), seja pelo humor físico, como na cena em que Brad tenta pilotar a moto de Dusty, ou seja pelos diálogos puramente nonsense, como as histórias absurdas que o chefe de Brad, Leo (Thomas Haden Church), ocasionalmente conta.

Aliás há uma cena muito boa entre Brad e Leo envolvendo uma dessas histórias escabrosas que usa a mudança de enquadramento para dar outro contexto ao diálogo tornando-o ainda mais hilário. O comediante Hannibal Buress tem uma passagem irregular como um amigo de Dusty, algumas de suas piadas funcionam bem, como a que conversam sobre Frozen: Uma Aventura Congelante ou quando ele vai ao escritório de Brad no fim, mas outras são apenas irritantes e muitas vezes soam deslocadas do restante, interrompendo o fluxo da narrativa.

Igualmente previsível é o desenvolvimento da história, já que desde o início fica claro que ambos irão se reconciliar, aprender a importância de cada um na vida das crianças e aprender valiosas lições um com o outro. Brad irá aprender a ser menos manso e Dusty irá aprender a ser mais responsável. Tudo transcorre como se espera, mas incomoda a conduta passiva que Sara tem durante boa parte do filme, deixando o marido e o ex literalmente destruírem a casa sem fazer qualquer objeção, como se não houvesse nada errado nesse ambiente de disputa. Na verdade, o único momento em que realmente surpreende é quando revela a identidade dos valentões que atormentavam os filhos de Sara, resultando em um dos melhores momentos do longa.

Pai em Dose Dupla acaba sendo mais uma daquelas comédias em que as melhores partes estão nos trailers, oferecendo ocasionalmente algumas boas risadas, mas em geral muito presa às fórmulas e convenções para realmente valer a pena.

Nota: 5/10
 
Trailer:
 

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