domingo, 15 de fevereiro de 2015

Crítica - O Imperador


Este O Imperador é daqueles filmes que você já entra na sala de cinema sem esperar grande coisa, mas, pelo menos, que seja daqueles tão ruins ao ponto de se tornar divertido. Infelizmente nem isso ocorre e O Imperador é apenas ruim que aborrece.

A trama acompanha Jacob (Hayden Christensen), um ex-cavaleiro que abandonou as cruzadas depois de presenciar uma brutal carnificina e se refugiou no oriente. Lá encontra um jovem príncipe e sua irmã que estão em fuga depois que seu irmão usurpou o trono. Decidido a compensar pelos erros do passado, Jacob decide acompanhá-los, mas para ter sucesso em sua missão, precisa da ajuda de seu antigo tutor, o cavaleiro Gallain (Nicolas Cage).

Ao contrário do que o material de divulgação dá a entender, Cage é praticamente uma ponta de luxo, aparecendo por no máximo uns vinte minutos de filme. Quando ele está em cena, trabalha no modo "devorador de cenário" com o qual vem trabalhando em boa parte dos filmes ruins que vem fazendo. Sua atuação é pra lá de exagerada, todos os diálogos são sussurrados ou gritados, sem meio termo e ele vai da profunda amargura à risada histérica em menos de um segundo. Sua caracterização não ajuda a levá-lo a sério, com suas extensões capilares artificiais e uma tosca cicatriz sobre o olho. Além disso exibe o sotaque mais bizarro que vi em muito tempo, uma mistura esquisita entre o sotaque americano e o britânico e o resultado, por vezes, é comédia involuntária. Christensen exibe a mesma escolha pouco ortodoxa de fala, mas sua composição rígida e apática não consegue divertir nem pelo exagero.

O mesmo pode ser dito dos personagens orientais, completamente unidimensionais e desinteressantes, sem nada que lhes dê destaque. Aliás, preciso dizer que é impressionante como um filme que se passa na antiga china traz personagens que falam um inglês perfeito. Eu entendo, é um filme americano, feito para este público, portanto os personagens precisam falar inglês. Tudo bem, não estou questionando isso, mas eles pelo menos poderiam falar com um sotaque chinês ao invés de um inglês tão corretamente pronunciado que soa artificial e quebra a imersão.

A trama é quase ausente, consistindo de Jacob escoltando o príncipe e a irmã enquanto foge da guarda real e não acontece muita coisa além de diálogos expositivos que falam do passado de Jacob (sendo que o filme já nos mostrou isso) ou flashbacks envolvendo Gallain que não acrescentam nada ao personagem. Na verdade, tudo é tão preguiçoso que até os letreiros que deveriam contextualizar a ação trazem dados genéricos que não significam muito como "oriente médio" (que pode ser qualquer lugar em uma área enorme e culturalmente diversificada, mas que é tratada como uma coisa só) ou "extremo oriente" (mas que provavelmente é a China). Se você vai usar um letreiro em um filme, ele deve esclarecer algo e não gerar mais questionamentos.

Tudo isso seria perdoável se pelo menos as cenas de ação fossem bacanas, mas não é o caso. Além de burocráticas e pouco inventivas, elas nunca passam nenhum senso perigo, nunca tememos pelo destino dos personagens. Tudo é piorado pelas péssimas escolhas da direção que enche a ação com uma câmera que nunca para de se mover, uma edição excessivamente picotada e uma profusão de slow-motion tornando a ação uma enorme bagunça truncada e sem ritmo. Mesmo ao confronto final falta energia e urgência e tudo termina de uma maneira incômoda e anticlimática.

Assim, O Imperador é uma tentativa preguiçosa de montar um grande épico, prejudicada por uma trama quase inexistente e cheia de lugares-comuns, cenas de ação entediantes e um protagonista apático.

Nota: 2/10

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