quarta-feira, 18 de junho de 2014

Crítica - Vizinhos

O subgênero das comédias universitárias vem alimentando o cinema americano desde o fim dos anos 70, com filmes como Clube dos Cafajestes (1978), A Vingança dos Nerds (1984), passando por exemplares mais recentes como O Dono da Festa (2002) e Dias Incríveis (2003). Claro, muitas vezes os resultados são uma coleção rasteira de clichês e fórmulas, mas em alguns casos (como os quatro citados acima) temos alguns produtos que, embora não reinventem a roda, conseguem ser divertidos sem parecer uma janta requentada, como este Vizinhos.

A trama acompanha o casal Mac (Seth Rogen) e Kelly (Rose Byrne) que acabou de ter uma filha e precisa lidar com as novas responsabilidades da paternidade e o fato de passarão um bom tempo sem noitadas e badalações. No entanto, a nova e pacata rotina do casal é interrompida quando uma república universitária, liderada por Teddy (Zac Efron) e Pete (Dave Franco), se instala na casa do lado. Como a rotina dos universitários envolve festas diárias, o casal começa a entrar em atrito com os novos vizinhos, iniciando uma disputa que irá evoluir das maneiras mais absurdas possíveis.

Zac Efron chama atenção pelo carisma e o excesso de confiança que seu Teddy transmite inicialmente, garantindo que gostemos dele mesmo sendo um completo imbecil. Conforme o filme progride vamos percebendo que há uma grande insegurança por trás da fachada confiante do personagem e que existem razões para ele ser do jeito que é, não sendo apenas uma caricatura preguiçosa como costumeiramente ocorre neste tipo de filme, embora o ator de fato se entregue a alguns exageros em determinados momentos.

Seth Rogen continua a exibir seu habitual carisma e timing cômico, mas a surpresa fica por conta de Rose Byrne, que rouba a cena em muitos momentos com os planos mirabolantes que sua personagem elabora para afastar universitários, dando início a alguns dos momentos mais engraçados do filme.

Boa parte do humor vem das atitudes imaturas dos personagens, que recusam-se a entender as mudanças em suas vidas e aceitar que seu período de intermináveis farras e curtição está chegando ao fim, seja por causa do nascimento de um filho ou pela saída da universidade. Nesse sentido o filme é inteligente o bastante para justificar o prolongamento da disputa entre o casal e os universitários como uma vã tentativa de prolongar suas adolescências tardias.

As piadas funcionam muito bem, em parte pelo ritmo que elas são encadeadas pela trama e pela montagem e parte pela química e timing que o elenco tem entre si, embora alguns momentos apenas repitam coisas que vimos em outros filmes, como a luta de consolos, que parece saída diretamente de Curvas Perigosas (2005).

A narrativa em si também tem seus problemas, principalmente quando a disputa atinge níveis absurdos no terceiro ato e ainda assim o filme força a barra para continuar o escalonamento da disputa. Afinal de contas depois da pegadinha dos airbags e da gravação que Mac e Kelly fazem de Teddy ameaçando os dois, o casal teria material suficiente para a expulsão da república, mas, de algum modo, isso tudo é deixado de lado em função da conveniência do roteiro em criar um clímax que seja ainda mais absurdo e cômico.

Apesar dos problemas, Vizinhos consegue ser uma comédia bem satisfatória, que se beneficia bastante do carisma de seus atores e da dinâmica genuína que constrói ao redor deles.

Nota: 6/10

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