sexta-feira, 1 de maio de 2009

Os Boêmios Analisam - X-Men Origens: Wolverine


Em termos de filmes, a Fox cada vez se aproxima mais de se tornar sinônimo de lixo(ao contrário de suas ótimas produções para TV). São dela os piores blockbusters do últimos tempos, porcarias do nível de Jumper, A Liga da Injustiça, Elektra, Quarteto Fantástico e Dragonball. É famosa a reputação de que no estúdio quem mandam são os executivos e que os diretores são meros paus mandados. Por isso minha surpresa com a contratação do sul-africano Gavin Hood, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro com o filme Infância Roubada, para o comando do filme.

O problema é que apesar de ser talentoso, Hood não é briguento como Bryan Singer(que capitaneou os dois primeiros X-Men) ou bem relacionado em Hollywood como Brett Ratner(que conseguiu evitar que X3 fosse ainda pior devido às exigências do estúdio ou do cronograma apertado). Então, não é surpresa que ao assistirmos esse X-Men Origens: Wolverine, vemos um roteiro extremamente promissor ser sabotado soluções apressadas e mal-elaboradas que contrastam grosseiramente com o estilo que Hood tenta imprimir. Ou seja, a visão do diretor para o longa foi alterada pelas decisões dos executivos devido ao pouco poder de barganha de Hood.

De um estudo das relações entre irmãos e da natureza dúbia do Wolverine, o longa descamba para a superficialidade e a um desfecho apressado que esquece de trabalhar as questões inicialmente levantadas. E se estão curiosos para saber quais relações de irmandade estou falando, vou explicar.

Para quem não leu a minissérie Origens(na qual o longa se baseia em parte), Wolverine, ou Logan, nasceu James Howlett, filho de um aristocrata candense. Em sua juventude James vivia doente, tendo apenas a companhia da filha da empregada e de Cão, filho do caseiro John Logan(que nos quadrinhos é a cara do Wolverine adulto). James só descobre suas habilidades mutantes quando Logan mata seu pai e descobre então que na verdade era filho de Logan e, portanto, meio-irmão de Cão. Acontece que Cão guardava certa semelhança com o estilo animalesco e as unhas do Dentes-de Sabre nos quadrinhos, mas não fica claro se ele é ou não Victor Creed. No longa, Cão já se chama Victor, então, no filme, Dentes-de-Sabre e Wolverine são irmãos.

Depois da breve introdução da infância do personagem, vemos um pouco da trajetória dele pelas várias guerras na sensacional sequência de abertura. A partir daí o filme faz o máximo possível para chegar em seu terceiro ato(Wolverine já com adamantium e partindo para vingança) prejudicando o aprofundamento da trama e oferecendo algumas soluções mal-elaboradas(as justificativas para o codinome Wolverine e para sua amnésia são bastante gratuitas e forçadas).

O maior mérito do filme reside em Hugh Jackman. Com seu carisma o ator australiano carrega o filme nas costas, personificando perfeitamente o mutante canadense e encontrando força no ótimo elenco de apoio que tem em Liev Schrieber seu ponto mais forte, que nos faz esquecer o Dentes-de-Sabre patético do primeiro filme dos mutantes, além do trabalho de Ryan Reynolds(também conhecido como o Sr. Scarlett Johansson), que dá alguma personalidade ao vazio(nos quadrinhos) Wade Wilson/Deadpool, e do sempre competente Danny Houston que assume o papel que fora do também competente Brian Cox em X2.

As sequências de ação também são outro ponto forte do filme, principalmente as lutas entre Wolverine e Dentes-de-Sabre e a perseguição de helicóptero liderada pelo Agente Zero. O grande número de personagens, entretanto, acaba enfraquecendo o filme(assim como aconteceu em X3) e muitos não passam de pontas de luxo, perdendo tempo precioso que poderia ter sido usado para trabalhar melhor a trama.

Apesar dos problemas, Wolverine ainda oferece uma experiência satisfatória para um blockbuster americano, mas fica a sensação de que o resultado poderia ter sido melhor se Gavin Hood tivesse mais liberdade para trabalhar.

Nota 6,5

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