quarta-feira, 10 de maio de 2023

Crítica – Star Wars: Jedi Survivor

 

Análise Crítica – Star Wars: Jedi Survivor

Review – Star Wars: Jedi Survivor
Depois do sucesso de Jedi Fallen Order era inevitável uma continuação das aventuras de Cal Kestis, principalmente porque o jogo original, a despeito de fazer muita coisa certa, deixava espaço para muitas melhorias. Pois este Star Wars: Jedi Survivor melhora em praticamente todos os aspectos do game original e entrega exatamente aquilo que esperávamos.

A trama se passa cinco anos depois do original. Cal se separou do resto da sua tripulação e tenta de todo modo conter os avanços do Império. As coisas mudam quando ele descobre uma chave que pode levar a um planeta até então inacessível, que pode ser a chave para que Cal e seus aliados vivam longe da perseguição imperial. O problema é que a chave também está na mira de um perigoso grupo de saqueadores e Cal vai precisar correr contra o tempo para alcançar seu destino antes que os criminosos e o Império o peguem.

É uma história que lida principalmente com o peso das decisões de Cal e o que ele faz com sua vida agora que é visível que o Império está presente em praticamente todo lugar. O medo é um tema central aqui, tanto em relação ao medo da ameaça imperial quanto o medo de Cal, como um dos poucos Jedi sobreviventes em não estar à altura das aspirações e isso move o personagem a muitas ações insensatas contra o Império a exemplo do assalto que ocorre no segmento inicial do game. O modo como o medo pode mudar alguém é também refletido nos vilões da trama, que servem como um reflexo do que Cal poderia vir a ser caso cedesse aos seus piores impulsos. Não são antagonistas dotados da complexidade trágica da Segunda Irmã de Fallen Order, mas servem em relação à jornada do protagonista. Se Cal era meio genérico no jogo original, aqui ele ganha mais conflitos e contornos.

A exploração é expandida em relação ao game original, com áreas mais amplas, mais segredos e mais possibilidades de se deslocar. O game facilita a exploração ao permitir fast travel entre os diferentes pontos de meditação encontrados, o que estimula que retornemos a áreas previamente exploradas com novas habilidades para tentar encontrar novos segredos. No game anterior, esse retorno tomava tempo demais, mas a nova mecânica estimula que verifiquemos cada canto. Montarias são outro elemento para agilizar a movimentação entre as distâncias e essenciais em algumas áreas muito abertas. O mapa, por outro lado, segue confuso e falha em nos dar uma visão compreensiva dos espaços e de como diferentes segmentos se conectam atrapalhando a navegação. Melhorou um pouco em relação ao primeiro game, mas ainda está longe do ideal. Sei que a escolha de imitar um holomapa de Star Wars visa manter a imersão, no entanto é uma escolha que sacrifica gameplay em prol de imersão e em games é a jogabilidade que manda. 

A movimentação se beneficia em evitar um expediente típico desse estilo de jogo ao evitar uma desculpa para Cal perder as habilidades perdidas no game anterior. Nada de amnésia, nada de desconexão com a Força, o protagonista começa com todas as habilidades e poderes que tinha antes e apenas as expande ao longo da narrativa. Novas técnicas de mobilidade incluem uma corrida aérea que permite se deslocar por uma distância ainda maior ou um gancho que o permite se prender a certas superfícies. Tudo isso contribui para uma mobilidade ainda mais veloz, fluida e expansiva que no primeiro jogo.

O combate também é melhorado. Além dos dois estilos de sabre de luz de antes, Cal também pode usar dois sabres como um estilo próprio (em Fallen Order eles eram limitados a um ataque especial) e dois novos estilos de combate. O primeiro é um sabre de luz com proteções laterais ao estilo Kylo Ren, que dá mais alcance e dano ao custo de ataques mais lentos. É um estilo mais defensivo, que exige ações mais deliberadas do jogador, mas uma vez dominado pode eliminar chefes rapidamente. O outro é uma combinação de sabre de luz e blaster, que dá mais velocidade, agressividade e um ataque de longo alcance apesar de não ser tão poderoso. Como os pontos de habilidade são limitados inicialmente e só é possível equipar dois estilos, o jogo encoraja especialização ao invés de experimentação, então é melhor escolher os estilos que mais casam com sua forma de jogar e focar seus pontos de habilidade nesses estilos, já que cada um conta com diversas habilidades.

Além de ampliar os estilos de combate, também há mais variedade de inimigos. Se no game anterior eles estavam restritos a soldados imperiais e algumas criaturas, aqui também temos saqueadores, droides e mais um enorme conjunto de malfeitores, o que impede que as lutas caiam rapidamente na mesmice. Outro elemento que dá variedade é a presença de aliados em alguns segmentos da história, com Cal podendo dar comandos a amigos como Merrin ou Bode para atordoarem inimigos. Apesar de todas essas novidades, o combate segue desafiador, com inimigos causando dano alto e um número restrito de itens de cura obrigando o jogador a estudar os padrões dos adversários para saber quando atacar ou defender. No PS5 o uso das habilidades com a Força se beneficia dos gatilhos adaptativos do controle que apresentam mais ou menos resistência ao toque do jogador dependo do objeto ou criatura que está sendo manejada, adicionando mais uma camada de imersão.

As possibilidades de customizar o visual de Cal também são bastante ampliadas. Se no jogo anterior era meio decepcionante abrir mais um baú para encontrar uma mera variação de poncho para o herói, aqui ele de fato possui uma enorme variedade de roupas, cores, penteados e estilos de barba, o que serve como um estímulo maior para exploração. Como antes o sabre luz segue plenamente customizável, sendo possível também trocar as peças do blaster de Cal e do robozinho BD-1.

O jogo, porém, sobre com problemas sérios de performance, já que mesmo no modo desempenho a taxa de quadros cai constantemente, o que é bem prejudicial em um game que requer reações rápidas e precisas. Além disso, é muito comum entrar em áreas e ver as texturas do cenário carregando enquanto você transita pelo local e o pior, ter que lidar com o jogo parar para carregar em algumas portas (principalmente as do bar que serve como base para os personagens) apesar dos consoles atuais praticamente não terem tempo de carregamento. É difícil de entender considerando que ele é exclusivo para os consoles da nova geração, que não deveriam ter esse tipo de problema, soando mais como um produto que foi mal otimizado e que poderia ter esperado mais alguns meses para dar polimento a esses elementos.

Digo isso porque além de problemas de performance o game também apresenta alguns bugs que ocasionalmente impedem o progresso, como uma cutscene não acontecendo quando deveria ou algum NPC deixando de realizar alguma ação necessária para abrir caminho. Como o jogo só salva nos pontos de meditação, ter que recarregar o último save significa perder bons minutos de progresso. Não fosse essa falta de refinamento na performance, o jogo teria superado o anterior em praticamente tudo. Claro, isso pode ser corrigido em patches posteriores, mas o ideal é que o game não fosse lançado nesse estado para começo de conversa.

Ainda assim, Star Wars: Jedi Survivor é um game que melhora em praticamente tudo do que veio antes, com um excelente combate, mobilidade ágil e uma trama que dá novos contornos ao protagonista Cal Kestis. Se houver um terceiro jogo e ele mantiver o mesmo nível, a desenvolvedora Respawn tem potencial para fazer a melhor trilogia de Star Wars em mais de 30 anos.

 

Nota: 9/10


Trailer

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