terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Crítica – M3gan (Megan)

 

Análise Crítica – M3gan (Megan)

Review – M3gan (Megan)
Assim que saíram os primeiros trailers M3gan (ou simplesmente Megan) viralizou por conta do visual sinistro de sua boneca assassina. Indo assistir o filme me perguntei se talvez não fosse um daqueles filmes que tem um trailer empolgante, mas o resultado final é uma porcaria.

A trama é centrada em Gemma (Allison Williams), uma programadora que se vê no inesperado papel de guardiã da sobrinha, Cady (Violet McGraw), depois que os pais dela morrem em um acidente. Sem saber se conectar com a menina, Gemma decide testar com Cady o protótipo de uma boneca interativa que está desenvolvendo. Logo Cady se conecta com a boneca M3gan, tratando-a quase como uma pessoa de verdade, mas a boneca passa a levar a sério demais sua programação de cuidar da garota.

É claramente uma premissa de produção B e o filme sabe disso, caminhando entre o terror e a paródia para tentar extrair o máximo de entretenimento da situação. Boa parte do humor deriva justamente do texto reconhecer a bizarrice da situação e como o visual da boneca é, por si só, naturalmente sinistro. Apesar da classificação indicativa baixa para um filme de terror (14 anos, quando a maioria é 16), a trama consegue criar momentos de tensão mesmo a violência não sendo tão explícita. Quem espera um terror mais sangrento, porém, provavelmente vai se decepcionar.

A cena em que M3gan puxa a orelha de um garoto que estava fazendo bullying com Cady, por exemplo, me deu agonia conforme a pele do menino era esticada ao limite. Muito do senso de temor deriva da boneca em si, um misto de efeitos práticos animatrônicos com uma dublê fazendo os movimentos mais elásticos e acrobáticos, que dão um senso de que a criatura realmente poderia existir.

Confesso que me surpreendi que a trama até encontra algo a dizer sobre sua premissa, ao invés de apenas saltar de assassinato para assassinato. A ideia de uma boneca que cuida da criança o tempo todo acaba servindo como metáfora para o fato dos pais cada vez mais delegarem à tecnologia (TV, internet, games) a criação de seus filhos, perdendo a chance de construir um elo emocional com as crianças e permitindo que elas fiquem expostas a todo tipo de conteúdo pouco saudável (tipo uma boneca robótica homicida). Claro, não é um tema exatamente novo, tampouco o filme traz alguma sacada muito aprofundada a respeito disso, mas ajuda a situar o conflito de Gemma ao longo da trama em alguma medida de realismo emocional.

O elenco, por sinal, parece ciente da natureza B da produção, investindo no exagero e nos arquétipos de personagem comuns a esse tipo de produção. Isso vale especialmente para o comediante Ronny Chieng, que devora o cenário como um típico executivo sem escrúpulos, criando um sujeito que adoramos odiar e cuja eventual morte (e isso não é spoiler gente, vocês acham que o chefe babaca não vai morrer em um filme de terror?) nos encherá de júbilo.

M3gan veste com orgulho a carapuça de filme B, transitando entre o terror e a paródia para criar um filme que consegue ser sinistro e divertido.

 

Nota: 7/10


Trailer

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