sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Crítica – What If...?

 

Análise Crítica – What If...?

Review – What If...?
Primeira série animada dentro do universo cinematográfico da Marvel, What If...? brinca com a cronologia ao mesmo tempo que sedimenta a noção de multiverso que deve ser importante nas próximas produções. Narrada pelo Vigia (voz de Jeffrey Wright), cada episódio conta a história de um universo paralelo diferente em que uma pequena mudança nos eventos promoveu alterações radicais.

Essa estrutura de antologia e de histórias fora do universo principal permite explorar diferentes gêneros que os filmes da Marvel muitas vezes não se aproximam, como o terceiro episódio focado em uma trama investigativa, o quinto episódio que traz uma trama de zumbis ou o oitavo episódio que é praticamente uma comédia adolescente. Isso contribui para dar certo frescor a elementos já conhecidos desse universo, agregando outros olhares.

As tramas são hábeis em remeter ao que foi estabelecido desses personagens na cronologia principal e como esses elementos se comportariam nas alterações propostas por cada história. Assim, a natureza conciliadora de T’Challa (Chadwick Boseman) faria dele um Senhor das Estrelas menos anárquico e um líder mais inspirador do que Peter Quill. Do mesmo modo, um Hank Pym que perdeu tudo para a SHIELD transferiria sua raiva e rancor de maneira violenta e precisa contra organização (lembrem da fala de Howard Stark sobre o perigo que seria torná-lo um inimigo na cena inicial de Homem-Formiga), um Thor que não cresceu com as disputas e manipulações de Loki seria um festeiro irresponsável e daí em diante.

São poucos os momentos em que as tramas não exibem consistência com o que foi estabelecido pela cronologia principal. Um exemplo é o sexto episódio, em que o Rei T’Chaka confia muito fácil em Killmonger, mesmo tendo matado o pai dele por trair Wakanda e vender seus segredos para o resto do mundo. No quinto episódio a ideia de um “vírus quântico” para justificar o surto zumbi soa como vaga demais para funcionar de maneira convincente.

A série se beneficia por ter o elenco original da Marvel repetindo as vozes de seus respectivos personagens, o que permite que eles experimentem com outras facetas e possibilidades de composição. Por outro lado, aqueles que não retornam são bem perceptíveis e destoam do conjunto, como o trabalho de Mick Wingert como Tony Stark no sexto episódio. Outro exemplo é Lake Bell como Viúva Negra no terceiro episódio, que insere um humor e sarcasmo que a personagem naquele momento pré Vingadores não exibia. Bell eventualmente encontra o tom certo da personagem em outras aparições ao longo da temporada. Esse trabalho vocal é importante, já que os modelos animados não tem muita nuance em seus movimentos faciais e muito da emoção e sutilezas desses personagens acaba vindo da dublagem.

A ação, por outro lado, é um dos pontos altos, entregando embates intensos que exploram de maneira mais criativa os poderes dos personagens, em alguns casos até mais do que os filmes (praticamente todas as lutas da Capitã Marvel), que deriva da facilidade de fazer isso em animação em relação ao tempo e custo que é fazer o mesmo em live-action. Não a toa que muitos episódios acabam mais centrados em ação do que no desenvolvimento dos personagens, como o quinto e o último. O ponto alto é o embate final dos “Guardiões do Multiverso” contra o Ultron Infinito. Aliás, o final de temporada faz um bom trabalho em amarrar todas as histórias individuais até então em uma trama única.

Como toda antologia What If...? tem sua parcela de inconsistências, mas acerta na variedade de gêneros e em boas cenas de ação que faz ser divertido embarcar nas várias reimaginações do universo Marvel.

 

Nota: 7/10


Trailer

Nenhum comentário: