quinta-feira, 5 de março de 2020

Crítica – Altered Carbon: 2ª Temporada

Análise Crítica – Altered Carbon: 2ª Temporada


Review – Altered Carbon: 2ª Temporada
A primeira temporada de Altered Carbon conseguia nos apresentar a um universo cyberpunk bem singular e junto com esse universo construía um mistério envolvente centrado no passado do protagonista e em sua complicada relação com a irmã. Essa segunda temporada expande ainda mais nosso entendimento sobre o universo da trama. Com oito episódios ao invés dos dez da primeira temporada, a trama é mais concisa e sem a sensação de filler de antes, mas não consegue apresentar um conflito que seja tão interessante ou complexo quanto o de seu ano de estreia.

A trama se passa trinta anos depois da temporada anterior. Takeshi Kovacs (Anthony Mackie) é procurado por um rico matusa do Mundo de Harlan, planeta natal do personagem, pedindo que Kovacs o proteja de uma ameaça iminente, oferecendo a ele uma nova capa com aprimoramentos de combate. Enquanto Kovacs é colocado em sua nova capa, seu contratante é morto e a culpada é aparentemente Quellcrist Falconer (Renée Elise Goldsberry), antiga amante de Takeshi, líder da resistência que pregava o fim dos cartuchos e que supostamente estava morta há séculos.

O mistério do reaparecimento de Quell leva Takeshi a descobrir mais no sobre seu mundo natal e amplia um pouco nosso entendimento a respeito do que aconteceu na colonização do planeta. Por outro lado, em termos de desenvolvimento do personagem, a busca dele por Quell não nos diz muito que já não soubéssemos a seu respeito. Na verdade, aprendemos mais sobre Quell e o que aconteceu com ela depois de sua aparente morte.

A busca de Takeshi o coloca contra o coronel Carrera (Torben Liebrecht), um novo nome para um antigo conhecido do passado do protagonista. Há uma clara história entre os dois personagens e um rancor passado que Carrera leva consigo pelo antigo pupilo ter deixado o Protetorado para entrar para a resistência de Quell, mas nada que chegue perto da complexa dinâmica entre Takeshi e Reileen (Dichen Lachman) na temporada anterior. Na verdade, Carrera é alguém claramente maligno, a despeito do militar entrar em conflito constante com Danica (Lela Loren), a governante do mundo que quer o Protetorado o mais longe possível de seus assuntos. Danica também é claramente maligna e é mais uma instância em que a série falha em trazer a complexidade moral de sua estreia.

Temas sobre exploração e desigualdade social continuam a ser abordados. A trama envolvendo a raça ancestral que vivia no planeta serve para mostrar como o processo de colonização é algo violento no qual os vitoriosos não apenas dizimam os derrotados, mas apagam a existência deles do registro histórico e se colocam como heróis da história, se pintando como bravos desbravadores ao invés de genocidas. Esse apagamento do passado também é delineado no arco de Dig (Dina Shihabi), uma IA criada para ajudar nas escavações arqueológicas do planeta, mas que ficou sem função depois que Harlan (Neal McDonough) eliminou os arqueólogos. Dig acaba sendo encontrada por Poe (Chris Conner), que está sofrendo bugs desde o que lhe aconteceu na temporada anterior, e se torna uma aliada de Poe e Takeshi.

A ação é bem conduzida e as cenas de luta ilustram o quão letal a nova capa de Takeshi pode ser, bem como as capacidades físicas de Quell ou dos soldados do Protetorado liderados por Carrera. O grupo de Carrera inclusive protagoniza uma das melhores cenas de ação da temporada, quando eles precisam matar um grupo de policiais em uma sala, mas dispõem apenas de uma arma e trabalham em conjunto para passar a pistola um para o outro.

A segunda temporada de Altered Carbon continua a expandir seu envolvente universo cyberpunk, embora não consiga trazer antagonistas e conflitos que tenham a mesma nuance de seu primeiro ano.

Nota: 7/10
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