terça-feira, 11 de junho de 2019

Crítica – Obsessão


Análise Crítica – Obsessão


Review – Obsessão
Obsessão (não confundir com o filme homônimo de 2013 estrelado por Nicole Kidman) parecia ser mais um daqueles filmes de stalker, mas por conta da presença da atriz francesa Isabelle Huppert e da direção de Neil Jordan, imaginei que a fita poderia ser capaz de se elevar acima da banalidade de sua premissa. Infelizmente isso não acontece e o resultado é algo mais próximo de um daqueles suspenses B que passam nas madrugadas da TV aberta.

A trama é protagonizada por Frances (Chloe Moretz), uma garota que mora em Nova Iorque e recentemente perdeu a mãe. Um dia, ela encontra uma bolsa deixada no metrô e resolve devolver à dona, cujos documentos se encontram dentro. Assim, ela conhece Greta (Isabelle Huppert), uma viúva solitária. Frances se solidariza com a mulher e aos poucos começam a se aproximar, mas conforme passa tempo com Greta, Frances descobre que o encontro entre as duas não foi tão fortuito quanto pensara e que a senhora guarda segredos sombrios.

Fica evidente que o filme usa a relação entre Frances e Greta para discutir a questão do luto e da necessidade de seguir adiante com a vida. O problema é que a narrativa fica correndo em círculos ao redor desse tema sem nunca desenvolvê-lo de maneira consistente. Também anda em círculos em relação à dinâmica entre Frances e Greta, com Greta perseguindo a protagonista de maneira agressiva, Frances conseguindo afastá-la, apenas para Greta voltar a persegui-la minutos depois. A trama fica nesse vai e vem repetitivo sem nada que desenvolva as personagens ou dê qualquer senso de progressão.

Isabelle Huppert claramente se diverte em interpretar uma mulher ambígua, que parece frágil, mas se revela cruel e implacável. A atriz rende alguns bons momentos quando se entrega ao exagero que a personagem requer, como na cena em que ela dá um chilique no restaurante no qual Frances trabalha. O texto, no entanto, não é digno do trabalho de Huppert, falhando em construir Greta de maneira crível tanto como uma figura trágica quanto como uma figura monstruosa.

A ideia da solidão de Greta e da perda da filha são pouco para torná-la uma figura simpática diante de sua conduta claramente psicopata. Por outro lado, o modo como o filme apresenta as cenas dela stalkeando Frances ou Erika (Maika Monroe, de Corrente do Mal) pede muita boa vontade do público para manter a suspensão da descrença, já que Greta, uma mulher comum, se comporta como uma mistura de Jason (de Sexta-Feira 13) e ninja, conseguindo ficar invisível mesmo em espaços vazios e quando as personagens sabem que estão sendo seguidas, além de sempre alcançar as mocinhas mesmo andando devagar.

O filme ainda tenta criar suspense a partir de expedientes apelativos e inanes, como na cena em que Frances é sequestrada por Greta, mas depois acorda, revelando ter sido tudo um sonho, sendo que na cena seguinte ela acorda mais uma vez para descobrir que de fato está no cativeiro de Greta. É um zigue-zague irritante e sem propósito que não serve a nenhuma função exceto criar sustos gratuitos e aumentar a duração da fita.

Todo o desfecho e o modo como Frances é resgatada parece não fazer muito sentido. Psicopatas são criaturas de hábitos e seguem rituais, então é difícil crer que Greta procuraria uma nova vítima enquanto ainda tem sua atual para terminar de torturar. Do mesmo modo, não dá para embarcar na ideia de alguém que se mostrou tão inteligente e engenhosa o filme todo consiga ser facilmente enganada por Erika só por ela estar usando uma peruca. Existem outros furos ao redor do final, mas não valem a pena o investimento de energia para comentá-los.

Diante de tudo isso, Obsessão é um suspense rasteiro, com situações risíveis e roteiro raso, desperdiçando o talento de Isabelle Huppert.

Nota: 3/10


Trailer

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