quarta-feira, 8 de maio de 2019

Crítica – Pokémon: Detetive Pikachu


Análise Crítica – Pokémon: Detetive Pikachu


Review – Pokémon: Detetive Pikachu
Filmes de games levam má fama e com certa razão. A maioria dos esforços de adaptar jogos eletrônicos ao cinema normalmente rendem obras que variam entre o morno, como Tomb Raider: A Origem (2018), e o péssimo, a exemplo de Hitman: Agente 47 (2015). Pokémon: Detetive Pikachu se sai melhor que os demais, sendo minimamente envolvente para valer a experiência (principalmente para quem é fã dos monstrinhos) ainda que não seja nada extraordinário.

A narrativa é centrada em Tim (Justice Smith), um jovem que cresceu sem se interessar em ter pokémons depois de se afastar do pai, que trabalhava como detetive tendo um monstrinho como parceiro. Quando o pai de Tim desaparece misteriosamente, ele vai até Ryme City, uma cidade na qual humanos e pokémons vivem em harmonia, ao invés de usar os monstrinhos para batalhar, para desvendar o sumiço do pai. No apartamento do pai ele encontra Pikachu (voz de Ryan Reynolds) capaz de falar, mas que só Tim consegue entender. O monstrinho diz ser um detetive, mas está sofrendo de amnésia e a única pista do seu passado é o endereço do pai de Tim. Assim, Tim e o detetive Pikachu se unem para resolver o mistério.

A primeira coisa que chama atenção é o modo como o filme constrói o universo dos pokémons, enchendo cada plano, cada imagem, com dezenas de monstrinhos que se comportam como se fizessem parte de um grande ecossistema. É fácil ficar imerso nesse mundo e entender como funcionaria a sociedade se tais criaturas de fato existissem e há um inegável senso de encantamento em ver esse universo ser descortinado diante dos nossos olhos.

Boa parte desse encantamento vem do design das criaturas, que as conseguem fazer parecer realistas sem perder a identidade visual de cada uma elas, trafegando com habilidade entre a fofura e esquisitice de muitas criaturas (como o humanoide Mr Mime, tão bizarro que podia estar em um filme de terror). O detetive Pikachu é de longe o melhor personagem, tanto por conta de seu design fofo, com olhos bastante expressivos, como pelos diálogos rápidos e bem-humorados. Há de se destacar também o constantemente estressado Psyduck, que protagoniza alguns dos momentos mais engraçados do filme.

A trama, no entanto, se desenvolve de maneira morna. A dinâmica entre Tim e o Pikachu segue o lugar-comum de parceiros que não se entendem e aos poucos vão se aproximando. A investigação dos dois avança sem senso de suspense ou urgência, com a maioria das descobertas envolvendo o crime sendo dada de bandeja aos protagonistas por outros personagens ao invés de fruto da astúcia deles. O filme tenta compensar isso ao inserir inúmeras reviravoltas que não são muito bem explicadas ou não fazem muito sentido, um exemplo é o plano final do vilão, que soa demasiadamente vago.

Ainda assim, a narrativa consegue extrair alguma graça com a maneira autoconsciente com a qual lida com alguns elementos típicos de narrativas policiais e investigativas. Isso pode ser visto na cena em que a repórter Lucy (Kathryn Newton) desce um lance de escadas na contraluz, referenciando as introduções de femmes fatales nos antigos filmes noir. Do mesmo modo, a cena em que Tim e Pikachu interrogam um Mr. Mime brinca com o clichê do “tira bom, tira mau” de cenas de interrogatório.

Desta maneira, apesar de uma trama que não envolve como deveria e que falta certa coesão, Pokémon: Detetive Pikachu diverte pelo carisma de seus monstrinhos e pela competência na criação de seu universo.

Nota: 6/10


Trailer

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