quinta-feira, 25 de abril de 2019

Crítica – Samantha!: 2ª Temporada


Análise Crítica – Samantha!: 2ª Temporada


Review – Samantha!: 2ª Temporada
Eu fiquei bem surpreso com a primeira temporada de Samantha! O que poderia ser uma comédia esquecível sobre uma personalidade midiática no ostracismo acabou se revelando um competente e divertido estudo sobre o culto às celebridades e sobre uma geração de adultos que se recusa a crescer e está constantemente apegada à nostalgia. Essa segunda temporada não chega a dizer nada de novo, mas ao menos aprofunda seu entendimento sobre seus personagens.

A trama começa com Samantha (Emanuelle Araújo) descobrindo que seus antigos colegas de programa, Tico (Rodrigo Pandolfo) e Bolota (Maurício Xavier), vão lançar um filme biográfico sobre ela chamado “Samonstra”. Diante do que considera um ataque, Samantha tenta sabotar o filme ao mesmo tempo em que se esforça para reconstruir sua imagem como algo além de um símbolo nostálgico.

O tema da imaturidade volta a aparecer na ida de Samantha a uma reunião de pais na escola dos filhos. A reunião mostra como os adultos se mostram facilmente dispostos a abandonar as responsabilidades parentais e delegar tudo à escola, conforme Samantha os faz ver como tudo aquilo é chato e trabalhoso. A temática também é vista na relação de Dodói (Douglas Silva) com sua controladora mãe (Zezeh Barbosa), que o trata como uma criança pequena.


Essas ideias retornam no final da temporada quando Samantha é sequestrada por uma fã obsessiva (Mariana Xavier), que vê na artista um refúgio para as dificuldades da vida adulta e um lembrete de uma época mais simples e mais fácil. Um escapismo nostálgico que se coloca com um obstáculo ao amadurecimento e não como uma rememoração que nos lembra do caminho trilhado.

Tal como na primeira temporada, são feitas várias críticas à futilidade do mundo do entretenimento e como as celebridades fazem qualquer coisa para se manterem em evidência, como tentar adotar uma causa da qual não fazem parte, como Samantha tenta fazer com o feminismo, ou no fato da protagonista resolver prolongar o circo midiático durante o seu sequestro. O deboche se sustenta graça aos personagens pitorescos que a série consegue criar, do já estabelecido Marcinho (Daniel Furlan), empresário picareta de Samantha, à aloprada diretora teatral (Alessandra Maestrini) com quem Samantha trabalha em sua tentativa de se tornar uma atriz séria.

A temporada acaba fazendo um mergulho maior do passado de Samantha e um esforço para entender como ela se tornou a pessoa egoísta e imatura que é. No penúltimo episódio se torna possível compreender que seu individualismo é fruto de um complexo de abandono, funcionando como um mecanismo de defesa para evitar que ela seja novamente abandonada, mas, logicamente, servindo como uma barreira para que ela se aproxime de outras pessoas e um obstáculo para o seu crescimento. Ao final da temporada ela finalmente parece entender sua própria imaturidade, tomando a decisão de enfrentar as consequências pelos seus atos ao mesmo tempo em que faz algo para beneficiar outra pessoa além de si mesma.

A temporada, no entanto, tem alguns pontos problemáticos. Um deles é a brusca mudança de personalidade da mãe de Dodói, que no início que controlar todos os aspectos da vida do filho, mas ao final da temporada que ficar o mais distante possível de Dodói e sua família. Do mesmo modo, a questão do real parentesco de Brandon (Cauã Gonçalves) é rapidamente resolvida com Samantha dizendo que o filho foi mesmo contra as probabilidades genéticas e pronto. Eu imagino que a ideia seria transmitir o argumento de que não importa a relação sanguínea dele, que a família é aquela que nos cria e nos ama, mas fica a impressão de que a criação desse conflito pouco acrescenta ao personagem e que a ideia de família poderia ser construída sem forçar a questão do parentesco.

Ainda assim, a segunda temporada de Samantha! continua sendo um sólido deboche da cultura midiática e da imaturidade de muitos que chegam à vida adulta.

Nota: 8/10


Trailer

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