terça-feira, 22 de maio de 2018

Crítica - Horizon Chase Turbo



Análise Crítica - Horizon Chase Turbo

Review - Horizon Chase Turbo
Eu tenho memórias afetuosas de infância envolvendo jogos de corrida como Out Run e Top Gear, então confesso que fiquei bem empolgado com o anúncio deste Horizon Chase Turbo, game indie de corrida que visava remeter a antigos arcade racers como os dois citados no início do parágrafo. Fiquei ainda mais curioso por se tratar de um produto feito por uma desenvolvedora brasileira, a Aquiris. Eu não conhecia o trabalho anterior deles, Horizon Chase World Tour, lançado para dispositivos móveis em 2015, então não sabia o que esperar. Felizmente, o resultado de Horizon Chase Turbo é muito melhor do que eu esperava.

O modo principal é o "Volta ao Mundo", contendo corridas em diferentes países e cidades ao redor do mundo, totalizando mais de 100 pistas. Os circuitos são baseados em cidades reais e é possível perceber o esmero do jogo em recriar os principais marcos arquitetônicos e geográficos desses locais, como o Farol da Barra em Salvador ou o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (aquele que parece um disco voador). Vencer as corridas de Volta ao Mundo rendem pontos que servem para abrir mais pistas, modos e carros, com todos os modos comportando até quatro jogadores em multiplayer local.

Para alcançar a pontuação máxima em cada circuito o jogador precisa tanto vencer a corrida quanto coletar todas as moedas azuis espalhadas pela pista. Essas coisas precisam ser feitas concomitantemente, não dá para vencer a corrida e depois voltar para tentar pegar todas as moedas, para conseguir a pontuação máxima é necessário fazer as duas coisas em conjunto. Isso é relativamente fácil no começo, mas conforme as pistas ficam mais complexas e o posicionamento das moedas passa a exigir cada vez mais precisão, completar os dois objetivos ao mesmo tempo se torna difícil e ocasionalmente frustrante.

Ao invés de recorrer à pixel art como fazem a maioria dos jogos com essa abordagem nostálgica, Horizon Chase Turbo usa uma estética low poly (baseada em uma geometria mais "bruta" e com o uso de poucos polígonos) com cores vibrantes que ajuda a dar uma identidade visual própria ao jogo (ao invés de meramente um simulacro dos jogos de outrora) ao mesmo que conferem a elas um certo minimalismo retrô.

Os circuitos são diferentes entre si não só pelos seus aspectos visuais, mas pela variedade de desafios e obstáculos que oferecem aos jogadores. De curvas traiçoeiras, passando por estreitamentos na pista, aclives, declives ou rochas na beira do caminho, vencer as corridas depende de atenção e precisão ao volante, além de ser capaz de desviar dos outros competidores, já que as batidas significam uma perda considerável de velocidade.

Essa necessidade de precisão é apoiada pelos controles responsivos que sempre nos fazem sentir que qualquer deslize ou saída de curva foi mais culpa minha do que um problema na física ou na resposta dos comandos, bastando um pouco de treino para superar as pistas mais complexas. Durante as corridas existem duas mecânicas que o jogador precisa prestar atenção. A primeira é o combustível, tal qual em Top Gear os carros tem um medidor de combustível que vai diminuindo conforme correm, sendo necessário reabastecer coletando galões de combustível em postos específicos da pista. Ficar sem gasolina significa que seu carro irá parar, mas às vezes é possível terminar a corrida se a linha de chegada estiver próxima. A outra mecânica é o Nitro, que dá um breve aumento de velocidade. O jogador tem um número limitado de usos do Nitro (em algumas pistas é possível coletar mais alguns), então saber quando usá-lo é estrategicamente importante.

O jogo disponibiliza mais de trinta carros que reproduzem modelos reais como Ferraris, Lamborghinis e até um Fusca. Nenhum nome de marca é usado (provavelmente por uma questão de direitos sobre esses nomes), mas o visual dos automóveis deixa evidente que estamos diante de algo como um Camaro, por exemplo. Cada carro tem seus próprios atributos como taxa de aceleração, duração do Nitro ou capacidade de combustível, o que ajuda a tornar cada um deles realmente diferente e estimula o jogador a experimentar diferentes carros em diferentes. O som é outro elemento que ajuda a dar personalidade aos veículos, com ruídos de motor diferentes para os variados tipos de carro.

Já que mencionei a questão sonora, é impossível não destacar a música do jogo. Composta pelo veterano Barry Leitch, responsável pelas trilhas musicais de vários games da década de 90, incluindo Top Gear e Lotus Turbo Challenge, as músicas recorrem a batidas eletrônicas cheias de energia que contribuem para a sensação de velocidade e também de nostalgia.

Horizon Chase Turbo pode não reinventar o gênero, mas é uma competente, divertida e afetuosa homenagem aos games de corrida de outrora que pode ser apreciada mesmo por quem nunca teve contato com os jogos em que eles se baseiam.


Nota: 8/10

Obs: O jogo está disponível para PS4, PC, Xbox One e Nintendo Switch.

Trailer

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