terça-feira, 25 de abril de 2017

Crítica - Colossal

Análise Colossal


Review Colossal
Colossal é realmente um filme "fora da caixa". Defini-lo como um "filme de monstro" não só seria incapaz de dar conta do que ele realmente é como também poderia dar uma impressão errada a seu respeito e fazer o espectador pensar que está diante de algo como Godzilla (2014) ou Círculo de Fogo (2013), com monstros gigantes destruindo cidades e combates espetaculares, quando o produto final está longe disso.

Gloria (Anne Hathaway) é uma mulher desempregada e com tendências alcoólatras, cujo namorado, Tim (Dan Stevens), não está satisfeito com seu comportamento irresponsável. Tim acaba colocando-a para fora de seu apartamento e sem ter para onde ir Gloria decide retornar à sua cidade do interior. Lá ela consegue emprego no bar de Oscar (Jason Sudeikis), um antigo amigo de infância, mas tudo muda quando um monstro gigante começa a aparecer e desaparecer misteriosamente na Coreia do Sul e Gloria vai percebendo aos poucos que ela tem uma ligação com a criatura.

O filme pega uma premissa bem conhecida "monstro gigante ataca uma cidade oriental" e a desenvolve da maneira mais esquisita possível. De início parece que a criatura funciona como uma metáfora para o comportamento autodestrutivo de Gloria, mas conforme a trama avança, as criaturas vão sendo usadas para revelar os relacionamentos abusivos com as quais a protagonista se engaja e como seus dois principais interesses românticos tem mais interesse em controlá-la do que ajudá-la.

Anne Hathaway diverte como a perdida Gloria, que tenta encontrar um rumo para sua vida e entender o que acontece entre ela e o monstro sul coreano. As reações dela ao descobrir como ela e a criatura estão ligadas rendem momentos bem engraçados, assim como as muitas gags visuais dela tentando ter uma boa noite de sono e falhando miseravelmente. Já Jason Sudeikis acaba surpreendendo ao pegar o clichê do "cara gente boa do interior" e aos poucos vai dando a ele contornos que sugerem uma personalidade mais sombria por trás dessa fachada, principalmente quando sua baixa autoestima e desprezo que tem de si mesmo acabam esbarrando em um poder que ele não esperava ter.

É uma pena, no entanto, que, apesar de sua esquisitice divertida, Colossal acabe decepcionando um pouco no final ao adotar algumas soluções pouco críveis. Primeiro que se Gloria estava de fato falida, como ela conseguiu comprar uma passagem internacional? Além disso, se a solução final era que ela eliminasse seu opositor, porque ela simplesmente não deu um tiro nele ou algo assim? Claro, um confronto entre monstros é uma solução visualmente mais interessante, mas se o filme vai fazê-la viajar para o outro lado do mundo, é preciso uma motivação melhor do que "o roteiro pede isso para um final mais espetacular".

O visual das criaturas é compatível com a esquisitice da própria trama e ainda há um bom uso do som para denotar a destruição causada pela criatura conforme Gloria e Oscar se movimentam em um parque, sem que seja preciso mostrar efetivamente as imagens da destruição.

Colossal encanta e diverte pela sua abordagem pouco convencional a uma premissa bem familiar, ainda que algumas soluções deixem um pouco a desejar.


Nota: 7/10

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