quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Crítica – Mato Sem Cachorro

A primeira vez que vi o trailer deste Mato Sem Cachorro temi que fosse mais uma dessas comédias nacionais feitas a toque de caixa que invadem os cinemas praticamente todo fim de semana. Felizmente minhas expectativas estavam equivocadas e apesar de ter uma parcela de problemas, o filme é relativamente competente em divertir e gerar risos.

O filme conta a história de Deco (Bruno Gagliasso) e Zoé (Leandra Leal) que se conhecem pouco depois de Deco quase atropelar um cachorro. O casal leva o animal para um veterinário e depois o adota, passando a viverem os três juntos. Seria um final feliz, mas dois anos depois eles se separam e Deco se vê incapaz de sair da fossa pelo fim do relacionamento e o fato da ex-namorada ter ficado com o cachorro e já ter arranjado um novo namorado. Assim, Deco tem a “brilhante” ideia de sequestrar o cachorro.
É claro, os planos de Deco não são os melhores e muita coisa dá errado e é aí que reside boa parte da graça do filme, com o protagonista e seu primo Leléo (Danilo Gentili) tentando a todo custo manter o cão escondido enquanto Zoé procura por ele. Além de piadas mais físicas e pastelão envolvendo o cachorro que sofre de uma absurda narcolepsia, temos também constantes piadas envolvendo celebridades, incluindo aparições de famosos que não exibem reservas em ri de si mesmos, como a pequena aparição de Leandro Firmino fazendo graça de sua icônica interpretação de Zé Pequeno em Cidade de Deus (2002) e uma hilária cena em que Sandy aparece bêbada.

O casal principal funciona bem e a competência dos atores nos faz acreditar na relação entre eles, Bruno Gagliasso é bem feliz em sua composição de Deco como um sujeito completamente perdido, com seu olhar aparvalhado, visual descuidado e óculos perenemente tortos. Já Danilo Gentili constrói um personagem que poderia ser facilmente interpretado por Jack Black, caso esta fosse uma produção americana, no papel do primo desbocado, sem noção, cheio de conselhos inúteis a dar e que constantemente anda pelado pela casa, na verdade muitos trejeitos e gestos do comediante neste filme remetem ao rechonchudo ator de Escola de Rock (2003).
O problema mesmo é a progressão da trama que avança em um ritmo arrastado, sendo por vezes bastante tediosa, além de se entregar a uma torrente de subtramas que não acrescentam em nada ao filme, como a que envolve a locutora da rádio que Zoé trabalha e um homem que a persegue, ou sequer são resolvidas, em especial aquela de Leléo com o chefe e a esposa, que é deixada de lado ao fim do filme, ficando sem resolução e soando desnecessária já que o personagem de Gentili funciona melhor como caricatura do que como alguém precisa passar por qualquer tipo de transformação ou arco dramático. Tudo isso acaba inchando demais o filme para intermináveis 113 minutos (quase dias horas), uma duração bastante longa para uma comédia, na qual normalmente os filmes têm 90 minutos.
Incomoda por vezes o fato da trilha sonora ser demasiadamente intrusiva, pesando a mão no uso da música para pontuar situações engraçadinhas e também os momentos mais românticos e dramáticos.

Mato Sem Cachorro acaba sendo uma comédia minimamente divertida, mas poderia se beneficiar de um roteiro mais enxuto ao invés de atirar para todos os lados. É possível aproveitar desde que se vá sem muitas pretensões.
Nota: 5/10

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