quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Crítica – Família do Bagulho

Quando uma comédia começa exibindo velhos memes de internet na tentativa de nos fazer rir, a sensação é de que o que vem pela frente não vai ser lá grande coisa, já que a melhor ideia que os realizadores tiveram para começar o filme simplesmente foi dar copiar e colar naquilo que passava no Youtube. Felizmente, no entanto, não é isso que ocorre conforme vamos avançando neste Família do Bagulho, sendo o filme razoavelmente competente e interessante na tentativa de criar situações, embora tenha sua parcela de problemas.

A trama é centrada no pequeno traficante David (Jason Sudeikis) que tem seu estoque de maconha e rendimentos da semana roubado por bandidos. Como forma de quitar a dívida, seu chefe, Brad (Ed Helms, o Stu de Se Beber, Não Case!), o obriga a ir até o México trazer um grande carregamento de erva. Para conseguir atravessar a fronteira com as drogas, David tem a ideia de alugar e um trailer e contratar uma família de mentira para posar como um turista de classe média viajando com a esposa e filhos de modo a não despertar suspeitas com as autoridades, assim contrata a stripper Rose (Jennifer Aniston) para se fazer de sua esposa, bem como o ingênuo vizinho adolescente Kenny (Will Pouter) e a jovem golpista Casey (Emma Roberts) para serem seus filhos.
 
O filme usa esses personagens para desconstruir de modo ácido e bem-humorado os mitos da família perfeita americana de classe média ao mesmo tempo em que faz graça com toda a situação de um sujeito comum e não muito inteligente envolvido com tráfico internacional. O principal mérito é o elenco que tem uma boa química em conjunto e desfia seus diálogos com grande naturalidade e um ótimo timing cômico e o mesmo pode ser dito do elenco coadjuvante, em especial a família liderada por Don (Nick Offerman, da série Parks & Recreation) que representa a esfera mais pudica da sociedade americana, em contraste com o grupo de desajustados liderados por David e as interações entre as famílias são o ponto alto do filme.

Os diálogos são cheios de referências pop, a exemplo do momento em que David imita o Bane de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, e recheados de acidez e ironia como a cena em que David e Rose conversam com um pretendente de Casey. O humor traz também uma boa dose de absurdo, como uma cena envolvendo a proposta de uma troca de casais entre David e Rose e os aparentemente recatados Don e esposa.
 
Uma pena, portanto, que a trama e suas reviravoltas sejam tão previsíveis e os vilões sejam caricaturas tão exageradas que jamais soam como uma ameaça crível. Também é problemático o modo como o filme vai desenvolvendo os laços entre os protagonistas de uma maneira melosa que destoa do tom anárquico e absurdo do resto do filme. São poucos os momentos em que o filme consegue casar o aprofundamento dos laços entre eles e seu humor tresloucado como na cena em que Rose e Casey ficam com pena da timidez de Kenny em se aproximar da bela Melissa (Molly Quinn, do seriado Castle) e decidem ensiná-lo a beijar.
 
Assim sendo, apesar dos problemas, Família do Bagulho é uma comédia sem grandes pretensões que consegue funcionar e gerar risos graças ao carisma de seu elenco e humor afiado.
 
Nota: 6/10

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